A concorrência com o crescente número de TVDE em Viseu é a maior preocupação de Almiro Marques, de 71 anos. "Vai acabar connosco. Somos 59 táxis mais dezenas e dezenas desses carros. Não há trabalho para tanta gente", desabafa. A forma como o trânsito está organizado na cidade é outro pesadelo.
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Almiro Marques herdou a profissão do pai. É profissional em Viseu desde 1975. Atualmente, o problema maior dos motoristas de táxis é a "concorrência e falta de lealdade". "Ficamos aqui horas e horas para fazer uma saída de cinco euros. Ao fim do dia nem ganhamos nós, nem ganham eles que andam aí a correr a prejudicar-nos", lamenta.
Almiro Marques queixa-se da falta de negócio, consequência da concorrência, mas também da crise que se vive. "Com o custo de vida a aumentar, é evidente que as pessoas apanham menos táxis", refere.
O taxista chegou a ter dois carros e três motoristas. Neste momento só tem um (o número 28). "Desfiz-me do outro carro porque o movimento já tinha começado a baixar e agora está cada vez pior, mas não quero deixar morrer o 28", confessa.
A culpa é das pessoas que ainda não aprenderam a circular nas rotundas
Quanto ao trânsito, na opinião de Almiro, precisava-se de uma melhor regulação. "Está cada vez pior. Há muita coisa mal feita. Por exemplo, os semáforos estão mal regulados", revela. "Aquele que está instalado quando se desce do Viso para apanhar a A25, atrapalha o trânsito todo. O tempo do sinal tem de ter em conta o tráfego. Em alguns momentos do dia as filas são enormes", diz.
Por outro lado, as rotundas, contrariamente ao que se diz e pensa, "são benéficas e deixam fluir o trânsito". "A culpa é das pessoas que ainda não aprenderam a circular nas rotundas", brinca.
"Se todos entrassem no lugar adequado, chegávamos às rotundas e não se perdia tanto tempo. O trânsito até fluía melhor", defende, acrescentando que o trânsito está melhor pensado para os peões do que para os carros.
Trabalhar só à noite já não dá
"O trânsito devia ser todo revisto. Descer a rua Direita durante o dia é muito complicado e nós, por vezes, temos de o fazer. Devia ser só para peões e transportes especiais", defende.
Outro dos problemas do trânsito na cidade prende-se com as descargas de mercadorias "que deviam ter horas apropriadas durante o dia". "A Alberto Sampaio, por exemplo, teve sempre aquela largura e estacionamento de lado. Os autocarros mal têm espaço para parar. Além disso, há ali sempre carros parados em segunda fila. Nós, para deixarmos um cliente, vemo-nos mal", explica.
Almiro Marques, taxista há quase meio século, sempre preferiu trabalhar à noite porque "circula-se melhor, há menos trânsito, as pessoas são mais respeitadoras". Mas, hoje em dia, diz já não conseguir "viver da profissão" trabalhando apenas nesse período.