Caso foi denunciado em Fátima, no arranque da Peregrinação do Migrante e do Refugiado. Situação foi identificada na Diocese de Viseu, com as jovens a serem "resgatadas" por uma congregação religiosa.
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A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) denunciou, este sábado à tarde, em Fátima, um caso de exploração sexual de jovens migrantes que estão a estudar no país. Ao JN, Eugénia Quaresma revelou que a situação lhe foi reportada na Diocese de Viseu e que as jovens foram "resgatadas" por uma congregação religiosa, que lhes está a prestar apoio e acompanhamento.
Eugénia Quaresma falava na conferência de imprensa que antecedeu o início da peregrinação do Migrante e do Refugiado, este fim de semana, no Santuário de Fátima. A representante da OCPM chamou a atenção para as fragilidades em que se encontram muitos jovens migrantes a estudar em Portugal, nomeadamente "a vulnerabilidade financeira que os torna presas fáceis para o submundo da prostituição e do pequeno crime".
Segundo aquela responsável, no âmbito do périplo que a OCPM fez, nos últimos meses, pelo país constatou que em todas as dioceses há estudantes internacionais, "alguns entregues à solidão" e a condições económicas precárias. Situações que fazem aumentar o risco de caírem em "submundos complicados".
Sem entrar em pormenores no caso referente às jovens "resgatadas de uma rede de prostituição", Eugénia Quaresma sublinhou a importância de proteger as vítimas e de quebrar "esse ciclo de exploração".
As queixas principais dos estudantes migrantes
A dirigente denunciou ainda a situação de "sobrelotação" de habitações em que vivem muitos dos jovens imigrantes, por vezes, "explorados" a esse nível "por conterrâneos". As dificuldades de acesso ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras tem sido outra das situações reportadas à OCPM.
Presente na conferência de imprensa, Joaquim Silva, bispo auxiliar de Lisboa e membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, apelou a que se olhe para os imigrantes "não como um problema mas como um recurso" essencial para "assegurar alguns setores da economia e da sociedade".
Fazendo uma leitura da mensagem do Papa Francisco para o Dia Internacional do Migrante e do Refugiado, que se assinala em setembro, o prelado destacou a reflexão que deve ser feita sobre "o direito a não ter de emigrar e a permanecer na sua própria terra", o que inclui poder "viver com dignidade" e ter "acesso ao desenvolvimento sustentado no país de origem".
Nesta peregrinação, fizeram-se anunciar junto dos serviços do Santuário 26 grupos de peregrinos oriundos de 16 países, com Espanha a registar o maior número (cinco).