Operação Influencer: Mariana Vieira da Silva exige "explicações e consequências"
Tribunal da Relação de Lisboa "pronunciou-se muito duramente" ao considerar que "não existem indícios de crime", diz deputada socialista Mariana Vieira da Silva, para quem António Costa tem direito a ser ouvido.
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O acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, conhecido nesta quarta-feira, segundo o qual não foram encontrados indícios "nem fortes, nem fracos, da prática de crime" de tráfico de influência na Operação Influencer, obrigam a "explicações e consequências", defendeu, na manhã desta quarta-feira à Antena 1, a deputada socialista Mariana da Vieira da Silva. "Ao dizer-se que não existem indícios de crime, nós não estamos a utilizar uma expressão qualquer, estamos a utilizar uma expressão duríssima sobre uma intervenção que já teve consequências políticas e consequências muito sérias para o país", sublinhou a ex-governante. Vincando que a "democracia não pode esperar eternamente, depois de todos os cidadãos lerem aquilo que aconteceu ontem no acórdão do Tribunal da Relação". Tanto mais que a democracia, no momento em que "comemoramos 50 anos do 25 de abril, exige um respeito para que possamos comemorá-la durante mais do que 50 anos".
No referido acórdão, recorde-se, o Tribunal de Relação de Lisboa consideoru que as interpretações do Ministério Público das escutas "não têm qualquer aptidão de princípio de prova". Sobre António Costa, é referido que "há várias alusões ao primeiro-ministro, mas nunca concretizadas". Com Mariana Vieira da Silva a reiterar, por diversas vezes à Antena 1, a urgência de António Costa ser ouvido. Recordando, por mais do que uma vez, o último parágrafo do comunicado de imprensa da Procuradoria-Geral da República que levou à queda do Governo. E que dizia: "No decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente".
"À medida que o tempo passa, e não acontecendo nada, pelo contrário, havendo decisões de juízes sobre este processo, continuamos sem saber exatamente o que é que justificou aquele parágrafo e quais são as acusações sobre António Costa para que ele se possa defender", afirmou a deputada do PS. Defendedo "ações no sentido de podermos sair desta situação", em que "lê este acórdão e continuamos sem saber o que é justificou aquele parágrafo naquela manhã de 7 de novembro".
Mariana Vieira da Silva recordou que "António Costa pediu para ser ouvido e não há nada que justifique que meses depois disto acontecer, meses depois de haver buscas, continue António Costa a não poder ouvido e saber o que existe contra ele no processo para se poder defender". Até porque, frisou, "a democracia depende também da justiça poder ser célere; não existe capacidade de um país subsistir ano após ano ter um conjunto de responsáveis políticos e de cidadãos que não se podem defender". E é "isso que é urgente que possa acontecer, para que não fiquemos meses, anos, à espera de uma decisão".