PAN admite: Marcelo revelará "dois pesos e duas medidas" se substituir Albuquerque
A porta-voz do PAN reconhece que o presidente da República mostrará ter "dois pesos e duas medidas" caso aceite a substituição do líder do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, sem convocar eleições. Inês Sousa Real lembra que o PAN defendeu que António Costa pudesse indicar um sucessor quando se demitiu.
Corpo do artigo
Em exclusivo ao JN, questionada sobre se seria estranho que Marcelo Rebelo de Sousa viesse a aceitar um substituto de Albuquerque sem convocar eleições, Inês Sousa Real concordou que será surpreendende se esse cenário vier a confirmar-se. O PAN, recorde-se, tem um acordo parlamentar com o PSD e CDS na Madeira, do qual depende a governabilidade da região.
"Será, talvez, sintoma de dois pesos e duas medidas", reconheceu a líder e deputada do PAN. Lembrou que o seu partido foi "crítico" da dissolução do Parlamento nacional na sequência da demissão do primeiro-ministro, em novembro, e que sempre defendeu que Costa "apresentasse um novo nome" ao chefe de Estado. Este, contudo, optou por convocar eleições legislativas.
Referindo-se à situação nacional, Inês Sousa Real defendeu que "os únicos que têm a ganhar" com a ida para eleições "são os populistas e as forças anti-democráticas". Sobre a Madeira, disse que o PAN está "de consciência tranquila" e "preparado para qualquer cenário", incluindo a ida às urnas. A este respeito, realçou que o partido prefere sujeitar-se ao escrutínio do que abdicar dos seus princípios.
Terá de ser alguém sem "qualquer ligação ao processo"
Segundo o "Expresso", Marcelo prepara-se para aceitar a demissão de Miguel Albuquerque sem convocar eleições regionais, colocando como condição que o novo chefe do Executivo não tenha tido funções governativas nos últimos anos. Sousa Real aceitará um nome que não tenha "qualquer ligação a este processo", referindo-se às investigações que motivaram buscas ao Governo Regional e que levaram a que Albuquerque tenha sido constituído arguido.
A porta-voz do PAN evitou avançar ou comentar nomes, frisando que a escolha "caberá ao PSD". Revelou que o seu partido está "em diálogo permanente" com os sociais-democratas locais, salientando que tem "noção da responsabilidade" colocada sobre os ombros do PAN e garantindo que esta força política irá sempre nortear-se pelo "interesse dos madeirenses".
Embora não falando em nomes, Inês Sousa Real defende que o sucessor de Albuquerque seja alguém que dê "uma lufada de ar fresco" ao panorama político regional e que represente uma "renovação", referindo que veria com bons olhos que fosse escolhida uma mulher. Ainda assim, diz que o "fundamental" é que o novo presidente do Governo seja alguém que promova uma "aproximação com as causas que o PAN representa".
Inês Sousa Real defendeu ainda que o novo líder do Governo da Madeira deverá fazer uma "reavaliação" dos projetos "polémicos" que estão a ser investigados, como o concurso relativo ao teleférico do Curral das Freiras.