A pandemia provocou um aumento na procura de bicicletas e as associações que representam os utilizadores pedem que as cidades se adaptem, criando condições de segurança e aproveitando para reduzir os antigos congestionamentos automóveis.
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Hoje assinala-se o Dia Mundial da Bicicleta e a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) entrega, na Assembleia da República, o guia que criou sobre a promoção da utilização da bicicleta durante a covid-19. Na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território são discutidos cinco projetos de resolução sobre os modos ativos de deslocação em resposta à pandemia.
Coexistência é o lema
A iniciativa da FPCUB é realizada em parceria com as confederações das associações de Defesa do Ambiente e da Prevenção do Tabagismo e a ABIMOTA, que representa as empresas. José Manuel Caetano, presidente da associação, diz que houve um incremento no uso de bicicletas devido ao "receio de usar transportes públicos" e as cidades devem adaptar-se. É necessário haver segurança, com "medidas de acalmia de trânsito, criar zonas de coexistência e mais oferta de bicicletas partilhadas", enumera.
Rui Igreja, da MUBI, a associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, sublinha que as pessoas estão a voltar à rua, pelo que "é urgente que se tomem medidas que garantam a segurança". "Alargar passeios, fechar ruas ao trânsito e criar ciclovias pop up" são algumas das ideias que constam dos documentos que enviaram ao Governo e aos municípios.
Carlos Coelho, das Bicicletas Coelho, no Porto, diz que houve um "boom forte" de procura, tanto de bicicletas para crianças como para adultos. Há quem queira a pedais e quem opte pelas elétricas. Ainda no Porto, Luís Cunha, da Intemporal Bikes, tem dificuldade em dar resposta a todos. Os clientes dizem-lhe que é "por causa da pandemia, para evitar transportes públicos, já que as deslocações são curtas e está bom tempo", mas os fabricantes "estão com stocks esgotados", conta.
Em Lisboa, Joel Gonçalves, da Loja das Bicicletas, aponta para um aumento de "200 a 300%", com ênfase nos modelos "mais baratos". "É para os filhos irem para a escola e eles irem trabalhar, evitando transportes públicos" e para "fazerem exercício físico", descreve. Em Aveiro, Paulo Ramires, da loja e oficina Zé das Bikes, não tem parado. Há quem compre, mas há ainda mais a mandar arranjar as que estavam "paradas" em casa.
Também a Decathlon confirma que a "necessidade de deslocação em segurança, seja para lazer ou para o local de trabalho" fez crescer a procura. A Sportzone regista um "aumento" em modelos a pedais e estáticos.