Programa de intercâmbio com oito anos de existência já apoiou com cerca de 1,5 milhões de euros mais de um milhar de projetos em instituições dos dois lados da fronteira.
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Miguel Angel Prieto, investigador e docente da Universidade de Vigo (UVigo), foi em 2014 um dos pioneiros do programa Iacobus, criado para fomentar a investigação científica partilhada na eurorregião Galiza Norte de Portugal. Participou com um projeto próprio num intercâmbio de três meses no Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e repetiu a experiência em 2016, 2017 e 2018.
Hoje, oito anos depois, é um dos coordenadores do programa transfronteiriço aberto a professores, investigadores e pessoal de administração e serviços (PAS) de universidades, instituições de ensino e da área da saúde, e centros tecnológicos dos dois lados da fronteira. Até agora, o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal (AECT-GNP) já financiou, através do POCTEP, em cerca de 1,5 milhões de euros, o desenvolvimento de mais de um milhar de projetos.
"Creio que este é um programa único na Europa. O Erasmus foi, não o podemos negar, o modelo em que nos inspiramos para criar o Iacobus, mas derivamos para um nicho de trabalho que não estava coberto que era a investigação", afirma Xosé Lago, subdiretor do AECT-GNP, destacando "o êxito" daquela iniciativa que "já tem uma trajetória consolidada". "Um inquérito de satisfação realizado pela Fundação CEER, que aglutina o sistema universitário publico da eurorregião, indica que cerca de 90% dos candidatos estão entre um grau de satisfação alto e muito alto", indica.
Por estes dias, o Iacobus (9.ª convocatória) financia com 2400 euros (valor total por cada investigador para um intercâmbio de três meses), 22 estadias em regime de mobilidade nas universidades de Vigo e Porto, e no IPB. O JN visitou os laboratórios da Cidade Tecnológica de Vigo (CitexVI), onde um grupo desenvolve projetos científicos, a maioria relacionados com a valorização de biorresíduos industriais (de maçã, kiwi, pitaia, azeitona, uva, frutos secos, citrinos, soja) e investigação de novos ingredientes de origem natural para a indústria alimentar e outras.
Permanente intercâmbio
"A minha vida hoje é a investigação. E há mais casos. O Iacobus é uma forma de vincular as instituições que, de outra maneira, não aconteceria", afirma o coordenador Miguel Prieto, referindo que a sua participação no Iacobus, há oito anos, permitiu-lhe estabelecer relação profissional até hoje com o IPB e a sua investigadora principal, Lillian Barros. O que resulta "num permanente intercâmbio de estudantes e atividades de investigação". "Com este tipo de programas aceleramos a investigação e o intercâmbio de trabalho. E fomentamos o desaparecimento dessa linha imaginária de fronteira, que não nos deixa colaborar".
Rede de instituições
Participam no Iacobus estadias, as universidades galegas de Vigo, Santiago e Corunha, as portuguesas do Minho, Porto, UTAD e Católica, e ainda os quatro institutos politécnicos do Norte: Viana, Porto, Bragança e Cávado-Ave.
"Projeto estrela"
Nuno Almeida, diretor do AECT-GNP, descreve o Iacobus como "um projeto estrela", que "permite fazer um programa tipo Erasmus, sem os estudantes", nas universidades e centros tecnológicos dos dois lados da fronteira".
Continuidade
Isabel Esteves, técnica do Iacobus, refere que "o objetivo é dar continuidade ao projeto, porque é muito bem aceite a nível académico, por permitir a realização de investigação, partilha de conhecimentos e criação de rede de contactos".