Os cinco maiores partidos portugueses estão todos em queda. Segundo a sondagem diária da Pitagórica para o JN, TSF e TVI, somam uma perda de quase dois pontos de um dia para o outro. Um pecúlio que passa para os mais pequenos, incluindo o PAN.
Corpo do artigo
São descidas de meio ponto percentual, no máximo, para cada um. Mas há, ainda assim, perdas que podem ser consideradas mais alarmantes do que outras. Na luta pelo primeiro lugar, o PS (agora com 37,8%) desceu um pouco mais do que o PSD (fica nos 26,6%, o mesmo valor com que arrancou para esta "tracking poll").
11325448
O BE também desce um pouco mais (marca 10,1%) do que a CDU (recebe 5,1%), mas para a coligação é um novo mínimo. Parafraseando Jerónimo de Sousa, na quinta-feira, à passagem por Moura, há "sombras negras" no horizonte. Se a tendência de estagnação se mantiver, os comunistas arriscam o pior resultado de sempre numas eleições legislativas (superando os 6,9% de Carlos Carvalhas em 2002).
A mesma consequência tem a descida de quatro décimas do CDS. É o resultado mais baixo (4%) desde que a Pitagórica e o JN começaram a medir a temperatura eleitoral, em abril passado. Os centristas desceriam para um patamar inferior ao do "partido do táxi" de 1987 (4,4% que valeram 4 deputados).
Assunção Cristas convocou, para este sábado, uma reunião da Comissão Executiva, a pretexto do caso Tancos. Mas talvez seja de esperar que o núcleo duro centrista aproveite para avaliar a campanha. É que, como se não bastasse tudo o resto, o PAN está outra vez a bater à porta (3,3%) do Largo do Caldas.
Tancos ainda não faz efeito
Os cinco maiores partidos a descer, quando se ouvem as explosões de Tancos por todo o lado? O caso afeta todos e não afeta nenhum? O Governo e o PS não deveriam estar a perder mais do que os outros? É cedo para tentar responder. É preciso, como sempre, cruzar o calendário de recolha de inquéritos com o dos acontecimentos políticos. O escândalo, recorde-se, voltou a rebentar na quarta-feira, mas ainda muito centrado nas referências a Marcelo Rebelo de Sousa. E foi só na quinta-feira que saiu a acusação e que o tema aterrou com violência na campanha eleitoral.
Como é habitual nesta "tracking poll", a amostra mantém-se sempre nos 600 indivíduos, mas todos os dias se acrescentam 150 novas entrevistas, retirando as 150 mais antigas. Os primeiros 150 a tomar contacto com o tema foram entrevistados durante o dia de quarta-feira e incluídos nos resultados da sondagem de quinta-feira. A conclusão é que, ou não chegaram a familiarizar-se com o caso (provável), ou o que souberam não abalou a sua crença nos socialistas (possível): nesse dia, o PS subiu dois pontos. Aos resultados que publicamos esta sexta-feira, juntam-se outras 150 pessoas, estas sim já com algum tempo para absorver a polémica. No entanto, e como vimos, o efeito foi quase nulo: os principais partidos do sistema estão estagnados, ainda que todos com tendência negativa.
Os próximos dias serão decisivos para perceber se Tancos terá de facto impacto nas intenções de voto, mas, será apenas com a divulgação dos resultados de domingo (sempre às 20 horas, no JN online) que teremos a totalidade da amostra composta por indivíduos capazes de incluir na sua avaliação eleitoral o escândalo que envolve um ex-ministro da Defesa, acusado de abuso de poder pelo Ministério Público.
PAN e CDS empatam em Lisboa
Ainda sobre a aproximação do PAN ao CDS (separados por escassas quatro décimas, numa sondagem que tem uma margem de erro de cerca de 4%), vale a pena revisitar a intenção direta de voto (ou seja, sem distribuição de indecisos) nos diferentes segmentos. Centristas e animalistas/ambientalistas partilham o apoio do eleitorado feminino (mais mulheres do que homens), mas distinguem-se em quase tudo o resto.
Quando analisamos as diferentes faixas etárias, fica claro que o PAN está à frente do CDS entre os mais novos (18/34 anos), com 6,4%, e que daí para a frente manda o CDS, com destaque para os eleitores de meia-idade (35/44 anos), onde marca 4,3%. Relativamente aos escalões de rendimento, o PAN está à frente na metade mais pobre dos inquiridos, e o CDS lidera entre a metade mais rica, ainda que haja empate rigoroso entre os que têm os rendimentos mais elevados (2,9%).
Finalmente, no que diz respeito à distribuição geográfica dos dois partidos, o resultado mais alto, para ambos, é agora na região de Lisboa, onde ambos marcam 4,1%. Voltam a empatar a Sul; o CDS vai à frente no Norte; e o PAN lidera no Porto e no Centro. É importante salientar, no entanto, que a análise por segmentos deve ser lida com reservas, uma vez que se trata de amostras com um número reduzido de inquiridos.
Liberais em quarto lugar
Uma das novidades do dia é a subida de alguns pequenos partidos (em paralelo com a descida dos cinco maiores) que tentam chegar pela primeira vez ao Parlamento. E há, concretamente, um recém-chegado aos resultados acima do 1%: o Chega tem uma projeção de resultado a nível nacional de 1,1%, ou seja, teve uma subida de quase meio ponto percentual. O problema é que o seu pecúlio é maior no Sul (que não inclui Lisboa e Setúbal).
Na distribuição de apoios, quem fica a ganhar é o Livre. Mantém os seus 1,1% de projeção nacional, mas marca uns prometedores 2,7% na região de Lisboa (intenção direta de voto, sem distribuição de indecisos), ou seja, no maior círculo eleitoral do país, e onde o PAN elegeu o seu único deputado, há quatro anos, com 1,97% dos votos.
O Iniciativa Liberal está meio ponto à frente do Livre, em termos de projeção nacional (1,6%), mas regista os mesmos 2,7% em Lisboa, na análise por segmentos. Acresce que regista também 1,2% no Porto. Por último, mas não menos importante, por nos revelar alguma coisa sobre este novo partido, marca 4,3% de apoio no escalão com maiores rendimentos (repita-se, o resultado não inclui a distribuição de indecisos). As oscilações nestes segmentos, com amostras muito reduzidas, são permanentes, mas, pelo menos esta sexta-feira, os liberais podem afirmar que são o quarto maior partido entre os inquiridos com maior poder de compra, à frente de CDU (3,8%), CDS (2,9%) e PAN (2,5%).
- 8,4
Catarina Martins está em queda libre na avaliação que os inquiridos fazem da sua prestação na campanha eleitoral: marca agora um saldo negativo de 8,4 pontos (diferença entre quem melhorou e piorou a sua opinião sobre um determinado candidato). Para a líder bloquista, são quatro dias a perder os favores das audiências. Recorde-se que chegou a ser, durante os primeiros dias da "tracking poll", uma das favoritas do público.
+ 14,8
Ao contrário da líder bloquista, a prestação de Rui Rio continua a merecer avaliação positiva (14,8 pontos) dos eleitores. E até está a subir há dois dias. Acontece que também António Costa está a subir há três dias, embora se mantenha com saldo negativo (6,4 pontos). Acima da linha de água, como o líder do PSD, só está Jerónimo de Sousa (saldo positivo de um ponto).