O presidente do PSD sustentou que o Syriza que venceu as últimas eleições gregas já não é o mesmo, deixou de ser anti austeridade e passou a defender o cumprimento do programa de resgate que negociou.
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O também primeiro-ministro referiu-se à "mudança de agulha" do Syriza procurando descredibilizar o discurso contra a austeridade em Portugal e apontar as políticas aplicadas pelo Governo PSD/CDS-PP nos últimos quatro anos como a única saída para a crise.
Num almoço de campanha da coligação PSD/CDS-PP para as legislativas, em Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, Passos Coelho disse que sente cada dia "uma confiança maior" nas pessoas com quem contacta e declarou ter a ambição de quebrar com décadas de "falta de visão" dos governantes e políticos em Portugal.
Passos Coelho afirmou que "o Syriza que ganhou as eleições do último domingo não foi o mesmo que ganhou as eleições em janeiro deste ano", porque o primeiro queria "pôr de lado o programa de resgate e a austeridade" e o segundo "foi aquele que negociou um novo resgate e que disse que é preciso cumprir com aquelas medidas para vencer as dificuldades e a crise".
"Quando hoje, infelizmente, olhamos para a Grécia e vemos o que aconteceu a quem tinha a mesma perspetiva e chegou ao Governo, percebemos o que se passou: Mudaram de agulha. Tiveram de negociar um outro resgate, e já vão no terceiro", apontou o presidente do PSD, antevendo mais "sacrifícios" para os gregos nos próximos tempos.
O primeiro-ministro advogou que Portugal está melhor precisamente porque o Governo PSD/CDS-PP não seguiu os conselhos da oposição que advogava um caminho semelhante ao da Grécia, e defendeu que "para ultrapassar a crise" só havia um caminho: "Fazer, no essencial, o que nós fizemos".
"Aqueles que profetizaram a nossa desgraça pensando que ela lhes dava votos, hoje estão desmascarados junto dos portugueses", considerou.
No discurso que fez em Ponte de Lima, antes de seguir para a cimeira europeia extraordinária, em Bruxelas, Passos Coelho disse que tem "sentido, todos os dias, uma confiança maior nas pessoas" com que contacta.
"À medida que os resultados desta campanha vão aparecendo aos olhos das pessoas, e que as pessoas percebem que afinal estão muito longe de estar sozinhas quando acham que nós nos colocamos bem para poder continuar a governar o país e assegurar um futuro de maior recuperação, mais são aqueles que se desinibem e que vêm ter connosco para dizer que isso é fundamental", acrescentou.
Segundo o presidente do PSD, "as pessoas têm um entendimento cristalino" sobre o caminho dos últimos quatro anos e "querem que não se volte para trás".
"Mas querem outra coisa: querem que a gente não desperdice a oportunidade de ter, nos próximos anos, um horizonte muito diferente do que tivemos nas décadas anteriores, em que andámos em Portugal, por culpa de falta de visão de governantes e de políticos, com mais demagogia na boca do que era recomendada e a pedir demasiadas vezes aos nossos parceiros ou ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que nos viessem salvar", completou.