PCP critica "hipocrisia e cinismo" de quem se cala perante "brutalidade" contra Palestina
O secretário-geral do PCP criticou o Hamas e denunciou a "hipocrisia e cinismo" dos que se calam perante os "bombardeamentos indiscriminados" de israel a Gaza. Paulo Raimundo também acusou o PS de alimentar a "falácia" em torno da descida de impostos para esconder que o "fundamental" é reforçar mais os salários.
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Na sessão de apresentação das conclusões do Comité Central do PCP, esta segunda-feira, Paulo Raimundo lamentou os "terríveis acontecimentos" na Faixa de Gaza, denunciando a possibilidade de um "massacre".
O comunista considerou que os recentes acontecimentos na Palestina são "inseparáveis de décadas de política de ocupação, opressão e desrespeito pelos direitos do povo palestiniano". Essa realidade, acrescentou, tem sido "intensificada" pelo "Governo de extrema-direita de Netanyahu".
Raimundo insurgiu-se contra a "hipocrisia e cinismo" daqueles que "tanto falam em direito internacional" mas que "se continuam a calar" perante a "brutalidade" e os "crimes de guerra" de Israel. Questionado, considerou que as posições do Governo português e da União Europeia se inserem nesta descrição: "Basta ver as declarações que foram proferidas", referiu, estendendo a crítica aos que, por todo o mundo, tentam proibir manifestações de solidariedade para com a Palestina.
"Distanciando-se - e condenando, como sempre e como em todos os momentos - de ações de violência que visem as populações e vitimem inocentes, o PCP condena a escalada de guerra de Israel contra o povo palestiniano", completou o secretário-geral comunista.
Paulo Raimundo considerou que o ultimato de Israel aos habitantes de Gaza - intimando-os a rumarem a Sul - é comparável a pedir a alguém que se desloque da sala para a casa de banho antes de bombardear a sua casa. "É isso que se está a fazer ao povo palestiniano, independentemente de serem do Hamas ou não", frisou, pedindo uma "voz forte de condenação" e sublinhando que, se Israel ficar isolada, "rapidamente travará" este processo.
Frisando que está em causa a sobrevivência de um povo "profundamente martirizado" e que se vê "condenado à morte ou à expulsão", Raimundo apelou ao cumprimento das resoluções da ONU e a uma "solução política" para o conflito, que entende passar pela coexistência de dois Estados - o israelita e o palestiniano - respeitadores das fronteiras palestinanas de 1967.
Critica consequências da maioria absoluta: "Resultados estão à vista"
O dirigente do PCP também apontou o dedo ao PS, a propósito do Orçamento do Estado (OE) para 2024. Considerou que a "matriz" do documento é sustentar-se numa "falácia em torno dos impostos" para "limitar salários e pensões", restringir o investimento público e garantir "privilégios ao grande capital".
No entender de Paulo Raimundo, esta é uma operação "animada" pela Direita, "que teve como protagonista a CIP [Confederação Empresarial de Portugal]" e que "visa iludir a questão fundamental": que é necessário aumentar salários de modo a recuperar o poder de compra.
Na habitação, o comunista acusou o Governo de se limitar a fazer "propaganda" e a recusar medidas que o PCP vê como essenciais, tais como "pôr os lucros da banca a suportar os aumentos das taxas de juro" ou "enfrentar de frente os interesses especuladores".
Lembrando que, há dois anos - altura do chumbo do OE 2022, que pôs fim à geringonça e, por decisão do presidente da República, atirou o país para eleições -, o PS recusou medidas como o aumento dos salários, a revogação da caducidade da contratação coletiva ou a fixação de profissionais no SNS, Raimundo procurou demonstrar que o país está pior desde então. "Há dois anos, o país teve eleições em vez de soluções, com os resultados que estão à vista", referiu.