Pedro Nuno Santos confirmou esta segunda-feira que o PS vai votar contra a moção de confiança, criticando o "pedido de demissão cobarde" de Montenegro, e diz que só se evitam eleições se retirar a moção. Porque o Chega anunciou que mantém o voto contra, o chumbo socialista ditará esta terça-feira a queda do Governo.
Corpo do artigo
Numa entrevista à SIC, considerou que era "impensável" o PS mudar de ideias no voto contra que anunciou para o plenário de terça-feira. "Não podemos voltar atrás sob pena de nos juntarmos a Luís Montenegro" enquanto políticos "sem credibilidade", acusou ainda.
"Só há uma forma de evitarmos eleições: É o Governo retirar a moção de confiança", afirmou o líder socialista, depois de ter desafiado Montenegro, na semana passada, a retirar esta iniciativa do Parlamento. A seu ver, "não é bem uma moção de confiança, é um pedido de demissão cobarde”, já que o primeiro-ministro sabe, de antemão, como votarão os partidos. A haver eleições como previsto, "o PS fará o seu trabalho para ganhar".
"A política sem risco é uma chatice e sem ética é uma vergonha", criticou depois, citando Francisco Sá Carneiro.
Pedro Nuno Santos disse ainda que as "suspeitas contra Montenegro são graves" e "as respostas escritas não são suficientes para esclarecer as suspeitas. A suspeita de que os serviços não foram prestados ou foram prestados por um preço muito superior, quer dizer que temos uma empresa que diz que prestou serviços que não prestou”, explicou, quando questionado sobre o motivo pelo qual o PS não optou por colocar questões por escrito, tal como BE e Chega, em vez de avançar com a comissão parlamentar de inquérito (CPI).
"Neste momento já não há resposta escrita, resposta oral, que só é resolvida com provas que mostrem que o trabalho foi realizado. Essa é a única forma de sabermos se temos um primeiro-ministro livre", declarou, após o PS ter entregue o seu pedido para criação da CPI.
Segundo Pedro Nuno Santos, a CPI permite aos deputados ter acesso ao “mapa de horas, o trabalho que foi feito, as interações e provas de trabalho que justificam as avenças pagas”.
“Já avisámos e repeti nos últimos dois debates que o PS votaria contra uma moção de confiança. Ele já sabia de antemão a posição do PS quando a apresentou”, sublinhou na entrevista. E recusou reconsiderar o sentido de voto do seu partido. “Ao ler o texto, percebemos que o Governo não quer, em nenhum momento, que alguém aprove a moção de confiança”, disse ainda Pedro Nuno Santos.
Questionado depois sobre se teme resultados desfavoráveis com base nos estudos de opinião, disse que "não podem ser sondagens numa matéria que tem a ver com a ética, transparência e na confiança nas instituições que nos faça refugiar no cálculo e tática político".
"Uma coisa que vamos aprendendo sobre sondagens é que não devemos precipitar. Mas sei que Luís Montenegro está pior do que estava há um ano, a confiança quebrou-se em relação ao primeiro-ministro e isso é fatal. Quebrou-se por culpa própria". afirmou. E insistiu que "não foi o PS nem nenhum outro partido que iniciou esta crise política", mas sim Montenegro.