O líder do PS foi ao Porto culpabilizar a AD por criar instabilidade e atirar o país para eleições. Anunciou um pacto para valorizar as carreiras das mulheres e garantiu um Executivo com medidas para todos. Pedro Nuno Santos deixou fora do discurso a polémica à volta da empresa familiar de Luís Montenegro e a imigração
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Os comícios do PS no renovado Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota, no Porto, já são tradição para os socialistas e Pedro Nuno Santos não fugiu ao repto. À sua espera, nos jardins do Palácio de Cristal, junto ao pavilhão, tinha pelo menos nove grupos de bombos de todo o distrito. Lá dentro, as cadeiras estavam todas engalanadas com bandeiras vermelhas e brancas, mas havia sinais de que a máquina ainda está por olear com as últimas filas praticamente vazias. E, antes dos discursos políticos - que começaram com quase uma hora de atraso -, ainda houve tempo para um concerto relâmpago de Olavo Bilac e para a entrada triunfante do líder do PS ao lado de Fernando Araújo, cabeça de lista pelo círculo eleitoral do Porto, sob o lema "O Futuro é já".
Num palco de 360 graus no centro da sala, Pedro Nuno Santos começou e terminou o discurso a culpabilizar a AD por chamar o país novamente às urnas e acusou o primeiro-ministro de criar instabilidade "ao mínimo aperto". "É o principal fator de instabilidade em Portugal", garantiu. Perante uma plateia onde estavam Augusto Santos Silva, Manuel Pizarro e José Luís Carneiro, foi mais longe ao dizer que só um Governo socialista poderá garantir estabilidade, recordando os tempos da geringonça quando António Costa governou sem uma maioria parlamentar.
Mas também houve ausentes em meia hora de discurso. Pedro Nuno Santos não trouxe para cima da mesa o tema da empresa familiar de Luís Montenegro, nem o da imigração. Manteve sempre a agulha virada para o Governo da AD, prometeu um Executivo do PS para todos e acenou com o IVA zero em alimentos e a redução do imposto para 6% na eletricidade.
Pacto para as mulheres e o caminho sinuoso da AD com a IL
Da carga fiscal aos jovens, culpou a AD por esgotar os excedentes orçamentais dos socialistas e alertou para o que considera um embuste nos impostos: "A AD desde o início que está interessada em ter eleições antecipadas, mas não contava que os portugueses fossem agora confrontados com uma novidade: não só estão a receber menos reembolsos no IRS, como muitos estão mesmo a pagar. Estão a ser enganados", vincou.
Na saúde, aproveitou para colar a coligação PSD/CDS à Iniciativa Liberal e no caminho que ambos querem trilhar com vista à sua "privatização". "Convido-os a olharem para a meca do neoliberalismo, do liberalismo nos Estados Unidos da América (EUA) e verem o país mais rico do mundo com piores resultados na saúde do que Portugal", atirou.
Já com o Dia da Mãe à porta, anunciou um pacto nacional para valorizar as carreiras das mulheres "que cuidam das crianças, que cuidam dos mais velhos, que cuidam das crianças com deficiência". Aos mais novos, com a Juventude Socialista ao fundo, realçou uma vez mais a urgência de uma governação para todos porque hoje "a maioria esmagadora dos jovens está mais longe de comprar casa" por via do acelerar dos preços.
No final, assinalou que foi no Porto que iniciou o caminho para a vitória nas eleições de 18 de maio e terminou a distribuir beijos, abraços, selfies e autógrafos pelos apoiantes mais efusivos das primeiras filas.