Pela 3.ª vez, Marcelo insiste que inquérito deve ser respondido pelo atual Governo
É a terceira vez que o presidente da República insiste que todos os membros do Governo devem responder ao inquérito aprovado pelo Conselho de Ministros a 13 de janeiro para fazer o escrutínio da sua atividade. Marcelo Rebelo de Sousa não comentou os factos que vieram a público sobre a investigação à derrapagem das obras do Hospital Militar quando João Gomes Cravinho era ministro da Defesa.
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Marcelo Rebelo de Sousa reiterou, esta sexta-feira, que a resposta é "muito simples" no que diz respeito à aplicação do inquérito criado a semana passada após os vários casos polémicos dentro do Governo: "Aplicava-se necessariamente a todos porque, à medida que o tempo passa, podem surgir questões que não eram do conhecimento ou dos próprios ou da opinião pública, ou dos cidadãos ou da comunicação social e que dizem respeito ao passado e no entanto são pertinentes para o futuro".
A resposta foi dada aos jornalistas no encerramento do Fórum "O Futuro da Europa", na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde o presidente da República foi questionado sobre as mais recentes notícias envolvendo o anterior ministro da Defesa.
Quando questionado se o ex-ministro da Defesa e atual ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, envolvido no caso sobre a derrapagem do Hospital Militar de Belém, passaria ou não no inquérito, o presidente da República voltou a insistir na importância de os atuais membros do Governo responderem ao inquérito. "Se há factos que suscitam, no legítimo controlo da opinião pública, mais tarde, dúvidas, interrogações e declarações a prestar, é inevitável" fazê-lo, "independentemente de o questionário ter surgido no momento ou ter surgido mais tarde".
O presidente da República foi ainda questionado sobre os factos que vieram a público sobre esta polémica, embora tenha afirmado que não conhece os factos, preferindo não se pronunciar.
Na passada quarta-feira o primeiro-ministro defendeu que não há a necessidade dos atuais governantes responderem ao inquérito. Segundo António Costa, os membros do governo já cumpriram essas responsabilidades ao apresentaram as declarações de rendimentos e património que "estão a ser sindicadas por entidades externas, no Tribunal Constitucional e no Parlamento".
Recorde-se que a bancada parlamentar do PSD exigiu ouvir João Gomes Cravinho na Comissão Parlamentar de Defesa para apurar se o ministro tinha sido informado sobre o começo da derrapagem de mais de dois milhões de euros quando as obras no hospital ainda estavam no início, se este as autorizou ou não as travou.