Sim, as fotos de grupo podem contribuir para a sua proliferação. Mas mais importante é vincar que este parasita nada tem que ver com condição social ou falta de higiene.
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Reproduzem-se à velocidade da luz, agarram-se ao cabelo como lapas, chegam aos 3,3 milímetros de comprimento (em adultos), dão uma comichão que deixa qualquer um à beira de um ataque de nervos. Falamos, pois, de piolhos, concretamente dos piolhos da cabeça, os Pediculus humanus capitis, parasitas de seis patas e grande afeição pelo couro cabeludo, onde vão beber o sangue que os alimenta. Em troca, deixam um rasto de saliva, impercetível a olho nu mas causador de um prurido insuportável. Existem há milhares de anos e, apesar dos múltiplos produtos que têm vindo a ser desenvolvidos para os eliminar, não é razoável que possamos aspirar à sua extinção. Na verdade, apesar de não haver estudos que permitam estabelecer termos de comparação credíveis, os médicos habituados a lidar com estas questões garantem que a prevalência se tem mantido mais ou menos inalterada, de surto em surto, sem crescendos ou decréscimos significativos a registar. Pelo menos em Portugal.
“Tem sido algo relativamente constante, não há propriamente uma tendência. O que há, de forma muito vincada, é uma faixa etária preferencial, que vai das crianças aos adolescentes e afeta sobretudo as meninas, por terem o cabelo mais comprido”, refere Joana Fernandes, especialista em medicina geral e familiar que trabalha na USF Monsanto, em Lisboa, e no Hospital Trofa Saúde, na Amadora. Vale a pena, a propósito, desconstruir uma ideia errada que persiste. Os piolhos não voam nem saltam. Já os fios de cabelo são para eles verdadeiras autoestradas. Daí que a grande forma de transmissão destes parasitas seja o contacto cabeça com cabeça, fio a fio - ainda que também seja possível apanhar piolhos através da partilha de objetos, como chapéus, gorros ou pentes. Percebe-se, por isso, porque é que as meninas, que habitualmente têm cabelos mais compridos, acabam por ser os alvos preferenciais destes bichinhos que nos acompanham desde sempre. A estimativa avançada por Susana Amendoeira, responsável da Sem Mais Piolhitos Portugal, cadeia de centros de eliminação de piolhos e lêndeas que está já presente em várias cidades do país, é reveladora: dos casos que lhes chegam, 90% são do sexo feminino. O que não quer dizer que os rapazes estejam livres de problemas, particularmente se tiverem cabelos compridos e bastos. E já agora, se forem especialmente dados a abraços - por causa da tal questão do contacto direto.