A presidente do Conselho Português para os Refugiados , Teresa Tito de Morais, afirmou, esta quarta-feira, que o plano de acolhimento para os refugiados que está a ser organizado prevê o alojamento e a integração local dos refugiados.
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"Não temos um esquema para comunicar já, mas está a ser organizado um plano de acolhimento, uma estratégia, que contenha várias premissas: que não passe apenas pelo alojamento, que passe também pela integração local, daí que o trabalho [feito] com as câmaras é relevante", disse aos jornalistas Teresa Tito de Morais, no Porto, no âmbito do debate "Abrir Portas aos Refugiados - A questão das migrações para a Europa", organizado pela Reitoria da Universidade do Porto.
Neste processo de recolocação de refugiados nos Estados-membros da União Europeia, que considerou estar a ser "demasiadamente lento", Teresa Tito de Morais salientou a importância de Portugal receber "com antecedência" a lista de pessoas que vai acolher.
"É importante ter o perfil", sustentou, acrescentando que "se se trata de menores não acompanhados a tutela tem de ser dada pelo tribunal, se se trata de famílias é preciso ver se são monoparentais ou não e se são pessoas entre os 18 e os 35 anos têm de ter já um tratamento mais proactivo de empregabilidade e formação profissional".
Durante o debate, Teresa Tito de Morais disse que "não há data" para a chegada a Portugal dos primeiros 100 refugiados, porque "há atrasos na seleção nos países de onde virão", designadamente "primeiro de Itália e depois da Grécia".
Destacou também que está "estimado" que os Estados-membros vão receber 6.000 euros por cada refugiado que acolherem, verba que "visa a sua integração inicial".
Admitindo existir um perigo de choque cultural, a presidente disse, contudo, ser "otimista" e estar convencida que "Portugal vai aceitar" os refugiados.
Contudo, não ignorou que "há receios, focos aqui e ali de dúvidas, e isso tem de ser combatido" através de "sessões de esclarecimentos" que permitam à população "perceber que a tendência é a organização de sociedades multiculturais".
Para a responsável, a atual situação de emergência relacionada com os fluxos migratórios é "talvez o desafio mais importante, mais dramático e intenso da Europa dos últimos anos".
Na sua opinião, "há na Europa uma crise de memória" e a Convenção de Genebra, que define normas para as leis internacionais relativas ao Direito humanitário internacional, "poderia ser aperfeiçoada", uma vez que "não inclui solidariedade no seio dos Estados-membros nem partilha de responsabilidades".
"As migrações deveriam ser uma opção e não uma necessidade. Deveriam ser uma esperança e não uma tragédia. Deveriam contribuir para o enriquecimento dos países que vão acolher as pessoas", concluiu.