Caminhar e apanhar lixo: duas atividades distintas que juntas numa só ganharam um nome - plogging. A recente modalidade tem mobilizado centenas de pessoas no país, juntando grupos e criando movimentos que aliam o exercício físico à causa ambiental. Bastam umas luvas, um saco do lixo e vontade de caminhar ou de correr.
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Nos próximos nove dias, mais de 150 grupos irão participar na terceira edição do Plogging Challenge Portugal que inclui centenas de eventos no país com pessoas de todas as idades No ano passado, o evento juntou cerca de 450 pessoas.
"O plogging é uma atividade física ligada ao ambiente. Consiste em apanhar resíduos enquanto o atleta pratica a atividade, que normalmente é correr ou caminhar, mas também pode ocorrer durante outras modalidades, como a canoagem", explica Céu Mota, fundadora do movimento Plogging Challenge Portugal.
A 3ª edição do Plogging Challenge Portugal começa este sábado e termina no dia 23 de abril. Estão previstas ações em 17 distritos, incluindo Açores e a Madeira. No total, estão inscritos 158 grupos.
Marlene dos Santos conheceu o plogging em 2017. Devido a um problema de saúde, começou a fazer caminhadas pela praia e, sem saber da existência do plogging, começou a recolher o lixo que encontrava pelo caminho. Mais tarde descobriu que aquilo que fazia era uma atividade e que tinha nome. Com o passar do tempo, começou a fazê-lo com outras pessoas, primeiro com o marido e com os filhos, até que decidiu criar um movimento em Matosinhos, denominado de "Let"s Plog". "O plogging é uma filosofia de vida, é integrar a consciencialização e a responsabilização que deve ser de cada um", sublinha Marlene.
Segundo a criadora do Let"s Plog, mais do que a prática do exercício físico, o plogging também traz outros benefícios: "a nível mental é muito bom, as pessoas acabam por se sentirem bem, é também uma boa forma de socialização e pode funcionar como um momento de introspeção". Marlene acrescenta que é uma atividade simples e de acesso fácil. "Não é preciso criar dificuldades nem fazer grandes investimentos, basta umas luvas e um saco".
Céu Mota começou também a fazer caminhadas sozinha e rápido percebeu que a quantidade de lixo que encontrava pelo caminho era significativa. Depois de descobrir que já existiam vários movimentos associados à atividade no país, decidiu criar um em Santa Maria da Feira. A ideia de fazer eventos estendia-se inicialmente apenas às freguesias do concelho. Depois de realizar alguns e de perceber que cada vez mais pessoas se interessavam, decidiu criar o Plogging Challenge Portugal, um evento a nível nacional.
A primeira edição ocorreu em 2021, durante um dia, em nove distritos e mobilizou cerca de 244 pessoas. Em 2022 foram 3 dias, tendo decorrido em 12 distritos e aproximadamente 450 participantes. Este ano o convite foi endereçado a todos os os municípios portugueses. "O meu objetivo é que seja um evento anual, do qual as pessoas já estejam à espera", afirma Céu Mota.