Monitorização da Agência Portuguesa do Ambiente. Poeiras em suspensão oriundas do Norte de África com impacto na saúde.
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As poeiras em suspensão oriundas do Norte de África cobrem nesta quarta-feira todo o território continental, deteriorando fortemente a qualidade do ar. De acordo com o QualAr - Informação sobre a Qualidade do Ar, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), 32 estações de monitorização têm o seu índice no pior nível - Mau - no que à concentração de partículas PM10 diz respeito. Sendo que das 69 estações, 20 não tinham, ao início desta manhã, dados disponíveis.
Em causa, conforme explicou, na terça-feira, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), está um fenómeno de transporte de poeiras "devido a um fluxo de sul induzido pela depressão Célia". Aumentando as concentrações de PM10 (partículas inaláveis), com impacto na saúde humana.
Analisando os dados desta manhã do QualAr, das estações com dados disponíveis, Macedo de Cavaleiros (estação Santa Combinha) apresentava o pior registo, com 537 microgramas por metro cúbico (média últimas 24 horas). Seguindo-se Vouzela (estação Fornelo do Monte - 508) e Vila Franca de Xira (estação Alverca - 470). Explique-se que um índice Mau pressupõe um intervalo entre 101-1200 microgramas por metro cúbico e o Fraco entre 51-100.
Coimbra, Estarreja, Fundão, Leiria, Lisboa, Cascais, Almada, Setúbal são alguns dos concelhos cuja qualidade do ar, no que respeita às partículas PM10, esteve nesta manhã no vermelho. No concelho do Porto, das duas estações, apenas a de Francisco Sá Carneiro (Campanhã) apresentava dados nesta manhã, com 76 microgramas por metro cúbico - qualidade fraca do ar. Já em Lisboa, quatro estações com dados, de um total de seis, colocavam o índice de qualidade do ar no pior patamar.
Na sua previsão para esta quarta-feira, a APA estima que este fenómeno "possa contribuir para um aumento das concentrações de partículas em suspensão (PM10) entre 20 a 50 microgramas por metro cúbico nas regiões do Algarve, Alentejo e Lisboa e Vale do Tejo e um aumento de PM10 superior a 50 microgramas por metro cúbico nas regiões do Centro e Norte".
Cuidados de saúde
Esta situação tem impactos diretos na saúde, tendo a Direção-Geral de Saúde (DGS) emitido na terça-feira recomendações à população, com especial foco "na população mais sensível, crianças e idosos, cujos cuidados de saúde devem ser redobrados". Assim, e enquanto durar este fenómeno, a DGS recomenda que "crianças, idosos, doentes com problemas respiratórios crónicos, designadamente asma, e doentes do foro cardiovascular" permaneçam, "sempre que viável, no interior dos edifícios e, preferencialmente, com as janelas fechadas".
Para a população em geral, a autoridade nacional de saúde informa que "deve evitar os esforços prolongados, limitar a atividade física ao ar livre e evitar a exposição a fatores de risco, tais como o fumo do tabaco e o contacto com produtos irritantes". Em caso de agravamento de sintomas, aconselha o contacto com a Linha de Saúde 24 (808242424) ou o recurso a um serviço de saúde.
Atenção aos asmáticos
Já nesta manhã, a Comissão de Trabalho de Alergologia Respiratório da Sociedade Portuguesa de Pneumologia emitiu recomendações aos doentes asmáticos, que devem minimizar a sua exposição ao ar livre e cumprir a sua medicação. "Os doentes asmáticos devem cumprir na íntegra a sua medicação inalatória de controlo habitual ou, em caso de esquema terapêutico de SOS, reforçar a sua utilização - seguir o plano de ação definido e em caso de agravamento das queixas respiratórias com má resposta às terapêuticas de alívio, deverão entrar em contacto com os cuidados de saúde (local habitual de seguimento ou a Linha Saúde 24 - 808 24 24 24)", sublinham.
Aquela sociedade científica aconselha ainda que se evitem "esforços prolongados, particularmente se for atividade física ao ar livre", bem como "exposição a fatores desencadeantes dos sintomas e/ou irritantes brônquicos - pós, fumo de tabaco ou outros".
Refira-se, por último, que o IPMA prevê que a presente situação persista até ao fim do dia de amanhã. Um fenómeno com particular incidência na Península Ibérica, mas que está a alastrar a toda a Europa.