Marcha de protesto contra o Governo juntou centenas de pessoas no Porto e houve momentos de tensão entre participantes e simpatizantes socialistas.
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Centenas de manifestantes - professores, oficiais de justiça e empresários do alojamento local - foram impedidos de entrar, esta tarde, nos jardins do Pavilhão Rosa Mota, no Porto, onde o PS festejava os 50 anos da fundação do partido. Algumas pessoas conseguiram aceder ao espaço, antes de a PSP ter montado um cordão policial a barrar as entradas. O primeiro-ministro, António Costa, e a ministra Ana Catarina Mendes foram abordados por manifestantes, que criticaram o PS e o bloqueio policial a um espaço público. Houve, ainda, momentos de tensão entre militantes do PS e alguns participantes no protesto.
Isto, porque alguns simpatizantes do partido criticaram os manifestantes, mandando-os trabalhar. Essas críticas aconteceram já à entrada dos jardins do Pavilhão Rosa Mota, após a marcha dos manifestantes entre a Rotunda da Boavista e a Rua de D. Manuel II. No percurso, centenas de vozes reivindicaram soluções ao Governo. A manifestação juntou profissionais de diversas áreas de atividade, como a educação, a saúde, o turismo e a justiça. Chegados ao portão principal do Palácio de Cristal, os manifestantes viram-se obrigados a permanecer fora do recinto, rodeados de gradeamento e de agentes da PSP. No entanto, nada disso impediu que gritassem a toda a voz, para que, no interior, o primeiro-ministro os ouvisse: "Costa a culpa é tua, o povo está na rua" e "Costa escuta, o povo está em luta".
"Não é só a educação que está mal, há muitos outros setores fundamentais que também estão. Tem havido várias manifestações e o Governo não ouve. Nós estamos todos juntos a lutar por Portugal", explica a professora Filipa Marques. Às frases de luta, juntaram-se bombos e apitos. "Dizem que não há dinheiro para as profissões fundamentais. mas, depois, dizem que as contas estão muito equilibradas. É tudo uma fachada, só querem enganar-nos, mas nós não somos burros", ressalva a docente.
"Isto é democracia?"
Com o portão principal fechado, os manifestantes procuraram entrar por um dos portões laterais, mas a maioria acabou barrada pela Polícia. Alguns conseguiram entrar, escondendo todos os adereços que os pudessem associar à manifestação. "Isto é democracia?", questionavam as pessoas na rua. Na marcha, estiveram, também, polícias.
"O primeiro-ministro fez muitas promessas. Esta luta começou há pouco tempo, mas vamos até ao fim"
Tiago Fernandes, vice-presidente do Sindicato Nacional da Polícia, esteve a representar todos os colegas de profissão. "O primeiro-ministro tem-nos habituado a fugir às questões, sempre que algo de grave acontece. Por isso, duvido que ele hoje tenha alguma palavra, até porque está entretido com a festa", afirma.
Alguns militantes e simpatizantes do PS provocaram os manifestantes, proferindo frases como "vai trabalhar!". A revolta intensificou-se e foram trocadas palavras azedas entre quem estava em festa e quem reivindicava melhores condições de trabalho. "O povo a reivindicar e o PS a festejar", ouvia-se dentro e fora do recinto.
Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, foi interpelada pelos manifestantes que estavam nos jardins e acabou por responder, dizendo que o Governo "tem ouvido" as queixas e que as manifestações só são possível por estarmos numa democracia.