Politécnico do Porto suspende três professores por suspeita de assédio sexual e moral
O Instituto Politécnico do Porto suspendeu temporariamente três docentes da Escola Superior de Educação, que foram denunciados por alegados casos de assédio sexual e moral. Dois professores lecionam em cursos de Desporto e um docente é da área de Educação Básica, sabe o JN. Um dos visados é pró-presidente da instituição.
Corpo do artigo
Mais denúncias estão a ser reportadas aos mecanismos disponibilizados pela instituição para este tipo de casos, mas não foi possível apurar se dizem respeito aos mesmos docentes ou a outros. Os casos que ditaram a suspensão dos professores foram denunciados por um grupo de alunas de várias áreas e idades da Escola Superior de Educação. Foram abertos processos disciplinares aos três professores, que estão agora suspensos por três meses.
De acordo com o jornal "Público", os dois professores que lecionam nos cursos de Desporto terão, segundo as denúncias, tocado de forma inapropriada em alunas, com o pretexto de lhes explicar os exercícios feitos em contexto de aula. O terceiro docente foi denunciado por alegados casos de assédio moral em sala de aula e em trabalhos académicos.
Eduardo Couto, dirigente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação, apela a todos os que foram testemunhas dos casos ou tenham sido vítimas de assédio que façam chegar as denúncias ao Provedor do Estudante ou ao portal de denúncia interna do Politécnico do Porto. O estudante aponta que a associação está "em sintonia" com a decisão tomada pela direção do politécnico.
As denúncias chegaram à direção do Politécnico do Porto, através do Provedor do Estudante, que por sua vez recebeu as queixas por via do Núcleo Contra o Assédio da Escola Superior de Educação, constituído por estudantes. Eduardo Albuquerque, Provedor do Estudante do Politécnico do Porto, revela ao JN que as denúncias foram reportadas à direção no dia 17 de abril. Não adiantou mais pormenores sobre o caso.
Na semana passada, Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins foram suspensos, a pedido dos próprios, dos cargos que ocupavam no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. A decisão surge na sequência das denúncias feitas por três investigadoras no capítulo do livro "Má conduta sexual na Academia", publicado na editora académica Routledge.
As autoras acusam o diretor emérito do CES e o investigador, respetivamente, de comportamentos sexuais inapropriados para com as mulheres na instituição. Mais tarde, duas mulheres afirmaram publicamente ter sido vítimas de assédio por Boaventura de Sousa Santos: a deputada brasileira Bella Gonçalves e a ativista argentina Moira Ivana Millan.
Foi criada uma comissão independente de averiguação das denúncias pelo CES. Mas o Ministério Público de Coimbra não recebeu qualquer queixa relacionada com os dois homens, que negaram os factos relatados no livro internacional.