Políticos reforçaram presença no online em relação às legislativas de 2019 e encaram as plataformas digitais como decisivas para explicar propostas.
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Se por um lado é certo que um "gosto" pode não se traduzir num voto, também é cada vez mais unânime que quem não está no online "não existe". Atentos à tendência digital, os partidos reforçaram a estratégia nas redes sociais e estão mais presentes, mais criativos e mais próximos do que nunca.
Com recurso a vídeos, fotografias, imagens ou frases originais, a comunicação política reinventou-se e há quem esteja a colher frutos no terreno virtual. Sinal da "aposta decisiva" feita nas redes, o PSD foi um dos partidos que mais cresceram desde o início de janeiro. "Estamos a apostar mais do dobro do que nas últimas legislativas", confirma José Silvano. O secretário-geral do PSD conta ao JN que os conteúdos são preparados pelo partido e divulgados por uma empresa externa, com o objetivo de dar a conhecer ações de campanha e "desmentir algumas afirmações de António Costa", o principal adversário de Rui Rio.
HUMANIZAR OS POLÍTICOS
O próprio líder social-democrata tem sido um dos protagonistas da campanha online, recorrendo à sua página pessoal no Twitter para manifestar ideias e opiniões, numa tónica descontraída e, até, surpreendente. Silvano explica que a conta de Rio é "complementar à oficial" e ajuda a "humanizar" a figura do presidente. "Alguns consideram-no muito sisudo e ele utiliza a conta pessoal para mostrar características da sua personalidade, como a genuinidade e o humor".
Comunicar de forma irreverente através de linguagens e grafismos "disruptivos" faz parte, desde sempre, da identidade da Iniciativa Liberal (IL), que por ter nascido em plena era digital está habituada a "tratar por tu" as múltiplas plataformas. "Em 2019 batizaram-nos como o "partido do Twitter" de uma forma quase pejorativa, mas agora vemos alguns partidos a inspirarem-se naquilo que fizemos, o que prova que o que fizemos e temos vindo a fazer resulta", considera um dos dirigentes liberais.
Nascido há cinco anos, o partido sempre teve "uma aposta muito forte nas redes sociais para consolidar audiências" e tem conseguido tirar proveito do "pingue-pongue" online e meios tradicionais. Um dos exemplos, para a IL, foi o fluxo efervescente de conteúdos gerado nos debates, com tópicos digitais a serem discutidos na TV e vice-versa.
aproximação aos jovens
Sendo as redes sociais o ecossistema natural dos jovens, o Bloco de Esquerda e PAN assumem-se como favoritos na corrida digital, com equipas destacadas para "desconstruir" a informação e torná-la mais percetível. "Quando se fala em medidas políticas, nem sempre é totalmente claro o que se pretende defender. As redes ajudam-nos na clarificação", aponta Paula Pérez. A diretora de campanha do PAN acredita que o online é "absolutamente essencial", sobretudo em pandemia, e que é possível aproximar os políticos dos eleitores através de conteúdos apelativos. A rua não pode ser descartada, mas o caminho faz-se cada vez mais pelos ecrãs.