O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, revelou, nesta manhã de quinta-feira, que Portugal vai formalizar uma queixa contra Espanha em Bruxelas, na segunda-feira.
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Não correu bem a reunião, em Madrid, entre o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, com a sua homóloga espanhola, Isabel García Tejerina, e com o ministro da Energia, Álvaro Nadal, a propósito da construção de um armazém de resíduos nucleares na central de Almaraz.
O Governo espanhol continua a admitir avançar com a construção de um equipamento que vai ampliar uma central que deveria estar pronta a encerrar a partir de 2020, sem que sejam feitos estudos de eventuais impactos transfronteiriços. Recorde-se que a central nuclear de Almaraz situa-se a 100 quilómetros de Portugal.
"Portugal não tem como interferir na política energética espanhola", lamentou Matos Fernandes, no final da reunião, reafirmando a exigência portuguesa para que sejam feitos os devidos estudos de impacto ambiental. "O que está aqui em causa é um projeto que tem potenciais impactos ambientais no nosso país. Os potenciais impactos transfronteiriços não foram estudados. Essa avaliação não foi feita", reiterou o ministro do Ambiente.
Por isso, Matos Fernandes revelou que vai cumprir a ameaça feita no início do ano e, segunda-feira, dará entrada na Comissão Europeia uma queixa formal de Portugal contra Espanha. "Havendo um diferendo, ele tem que ser resolvido", afirmou o ministro.
A reunião foi precedida por um protesto, feito por cerca de 20 ativistas do Movimento Ibérico Antinuclear (MIA). "Estamos contra a construção do aterro nuclear e contra o prolongamento do funcionamento de Almaraz. As centrais nucleares são um perigo para a população", justificou o MIA, que agendou para as 18 horas desta quinta-feira um outro protesto, de cariz ibérico, junto ao consulado espanhol em Lisboa.