País está em 38.º lugar em 193 nações, segundo um estudo da ONU. Inclusão e eficácia dos serviços administrativos foram fatores avaliados.
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Portugal está em 38.º lugar no desenvolvimento digital da governação, segundo o Ranking de Governo Eletrónico 2022. A qualificação, que avalia 193 países, foi lançada na terça-feira pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas no ICEGOV, a conferência internacional sobre governação eletrónica que decorre em Guimarães até dia 7 de outubro.
No topo do ranking estão a Dinamarca, a Finlândia e a Coreia do Sul. Os países com menor digitalização de serviços governativos encontram-se em África. Portugal inclui-se, juntamente com outros 59 países, naquela que é considerada a categoria mais alta de um total de quatro. A modernização e digitalização da administração portuguesa encontra-se entre os 20% melhores a nível mundial.
A Europa lidera a tabela, sendo o continente com o maior número de países com pontuação elevada. Na generalidade dos 193 países incluídos no estudo, de 2020 para 2022, o desenvolvimento dos serviços governativos digitais melhorou ligeiramente. Fazendo uma análise à qualificação obtida pelos países ao longo dos últimos dez anos, é possível perceber que as nações estão a conseguir resultados favoráveis. Há cada vez menos qualificações na categoria "baixo" e "médio", ao passo que os países classificados como tendo "alto" ou "muito alto" nível de digitalização estão a aumentar.
Aproximar os cidadãos
Para a qualificação dos países foram analisados aspetos como a inclusão e a eficácia dos serviços governativos digitais. Como explica Mário Campolargo, secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, na sessão de abertura que presidiu, a digitalização é uma forma de aproximar os cidadãos aos serviços administrativos e de governo. O governante realçou os resultados conseguidos no caso português com o Programa Simplex, lançado em 2006 para a simplificação, modernização e inovação da administração pública.
Guterres presente
A conferência abriu com uma mensagem gravada do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que reforçou que o objetivo das nações "não deve ser a digitalização em si, mas antes um serviço governativo próximo, eficaz e igualitário para todos". Segundo o secretário-geral da ONU, a diferença de literacia entre a população é, a par com a desinformação e os ciberataques, um dos maiores obstáculos à digitalização dos serviços governativos.
Em sintonia com o discurso de António Guterres, o arranque da conferência esteve focado na humanização e no acesso igualitário aos serviços digitais, tendo sido frisada por diversos especialistas a necessidade de ter uma comunidade com literacia digital elevada. Mário Campolargo salientou a necessidade de "as pessoas se sentirem confortáveis na experiência digital". Garantiu ainda que Portugal tem em desenvolvimento diversos programas de literacia.
O ranking é desenvolvido pela ONU desde 2003. Este ano, o documento apresenta-se sob o título "O futuro do governo digital" e tem como objetivo avaliar a situação atual dos países e do impacto da pandemia de covid-19.
Amanhã
Abertura
Theresa A. Pardo, da Universidade de Albany, Nova Iorque fala sobre "AI+X: construir uma agenda em transformação".
Fecho
Tony Shannon, do Departamento de Despesa Pública e Reforma da Irlanda, fala sobre reformas na modernização administrativa, acompanhado por especialistas.