O afogamento de um homem de 60 anos no Tejo e a recuperação do corpo de um atleta que desapareceu no domingo nas águas do rio Minho, na quinta-feira, aumentaram para 72 o total de mortes por afogamento este ano, número que, ainda assim, é inferior ao registado no mesmo período em 2018 (78) e 2017 (88). A esmagadora maioria dos casos ocorreu em praias fluviais no interior sem nadadores-salvadores.
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De acordo com a Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores (Fepons), os meses de julho e agosto deste ano foram os que registaram menos afogamentos dos últimos três anos. "Houve uma diminuição geral, mas continuamos com o flagelo das mortes no interior", afirma Alexandre Tadeia, presidente da Federação. A Fepons alerta que morrem mais homens, na casa dos 40 anos.
Dois casos
Na manhã de ontem, o corpo do jovem triatleta desaparecido desde domingo no rio Minho foi recuperado (ver notícia ao lado) e um homem de 60 anos morreu afogado na praia da Alburrica, perto do cais da Soflusa, no Barreiro. A vítima foi retirada do rio Tejo por populares, mas morreu, apesar das tentativas de reanimação pelos Bombeiros do Sul e Sueste.
A praia barreirense, sem vigilância, é escolhida diariamente por centenas de cidadãos barreirenses, apesar dos sucessivos alertas da Marinha para que optem por praias vigiadas.
Para Alexandre Tadeia, presidente da Fepons, "enquanto as pessoas continuarem a ignorar os apelos para deixar de frequentar praias não vigiadas, vão continuar a acontecer mortes por afogamento, muitas evitáveis se estivesse presente um nadador-salvador". Afinal, de acordo com os dados da Fepons, das 72 mortes já registadas ao longo deste ano, apenas três se deram em praias com vigilância.
Praias contaminadas
Para além da ausência de nadadores-salvadores, as praias que muitos banhistas escolhem para passar o dia, principalmente no interior do país, não têm qualidade de água suficiente para as qualificar como praias de banhos.
Isto quer dizer que, de acordo com Alexandre Tadeia, "além do risco de afogamento, há um risco para a saúde, já que não se sabe que tipo de bactérias existem na água".
A Fepons está em conversações com o Ministério da Educação para lançar nas escolas um programa de sensibilização para os cuidados a ter nas praias. O tópico da escolha de praias vigiadas estará em destaque.
8 mortes em agosto deste ano
Há dois anos foram registadas 16 mortes no mesmo mês. Em julho, o número de mortes (13) manteve-se semelhante a de anos anteriores.
Últimos casos
Castelo Branco
Um homem com cerca de 60 anos morreu na terça-feira afogado numa represa no Monte da Ordinha, em Alcains, Castelo Branco.
Arcos de Valdevez
Um jovem de 15 anos, de nacionalidade angolana, morreu no Rio Tora, Arcos de Valdevez, no domingo. A vítima e uns amigos foram dar mergulhos para uma charca e o jovem não apareceu depois de mergulhar.
Ovar
Dois banhistas morreram, a 28 de agosto, afogados numa praia não vigiada de Cortegaça, Ovar, onde três pessoas ficaram feridas durante a tentativa de socorro.