Autarcas dos cinco concelhos mais atingidos pedem estado de calamidade para aceder a verba e ajudar populações afetadas pelo fogo. Na região arderam cerca de 20 mil hectares.
Corpo do artigo
O fogo na serra da Estrela causou um "prejuízo de centenas de milhões de euros de impacto direto e indireto". A estimativa é feita por Sérgio Costa, presidente da Câmara da Guarda. As chamas queimaram uma área de cerca de 20 mil hectares nos municípios da Guarda, Gouveia, Manteigas, Covilhã e Celorico da Beira, o que leva os autarcas a pedirem o Estado de Calamidade.
"Já temos uma noção macro, mas o levantamento continua a ser feito pelas juntas de freguesia e particulares", conta Sérgio Costa, descrevendo que o fogo causou uma "enorme devastação no património florestal, arderam habitações, a agricultura e a alimentação dos animais foi afetada, barracões e anexos agrícolas foram destruídos".
Os autarcas reuniram e, "depois de uma análise calma e ponderada", pediram à tutela a declaração do estado de calamidade e a criação de um plano de revitalização do parque natural da serra da Estrela, contou Sérgio Costa. O memorando com o pedido já foi enviado ao Governo. Segunda-feira reúnem com governantes em Manteigas e esperam sensibilizá-los para estas preocupações.
Ações a curto e longo prazo
Segundo Sérgio Costa, há "determinados apoios e fundos que só ficarão disponíveis por via deste estado de calamidade". "Há medidas de curto prazo para serem implementadas e é preciso desenvolver um pacote mais alargado" de medidas, refere, antevendo necessidades que vão desde o abastecimento de água às populações até ao apoio a empresas.
"Vamos ter impacto nas linhas de água, com abastecimento de água às populações, poderá implicar um grande investimento", antevê o autarca da Guarda. Para além disso, "temos que ajudar as nossas empresas, alavancar as que já investiram e as que querem investir para potencializar cada vez mais o território".
Em Gouveia, a autarquia estava a fazer ontem o levantamento do fogo que atingiu cinco concelhos na serra da Estrela quando tiveram que suspender os trabalhos para acudir a um novo incêndio, que foi extinto na madrugada de ontem.
A declaração do estado de calamidade, refere Jorge Ferreira, vice-presidente da Câmara de Gouveia, "vem agilizar algumas coisas e facilitar a concretização de apoios. Esperamos que segunda-feira haja novidades, dando resposta a ansiedades de autarcas e populações".
Governo vai "ouvir"
José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna, diz que, na segunda-feira, o Governo vai "ouvir o que há a dizer, para que a resposta possa ser estruturada em função das necessidades mais emergentes e, depois, de média e longo prazo". Quanto à resposta emergente, o ministro lembrou que "há um fundo de emergência da ANEPC, que foi reforçado com meio milhão de euros", que poderá ajudar a dar resposta a necessidades mais prementes, nomeadamente de agricultores.
No Geoparque o incêndio afetou "12% da área total do Geoparque e atingiu 23 locais de interesse geológico classificados pela UNESCO", contou ao JN Emanuel Castro, diretor do Geoparque.
Há áreas que demorarão "mais de 50 anos para poderem voltar a ter o papel e importância que tinham do ponto de vista paisagístico e dos ecossistemas da fauna, fora e beleza cénica da serra da Estrela".