Previstas ações de estabilização de emergência, restauro de habitats e de linhas hidrográficas e até um hub tecnológico.
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Os autarcas da serra da Estrela que viram as chamas consumir 22 mil hectares (25%) do parque natural, nos meses de julho e agosto, depositam esperança nas ações de revitalização que estão a ser delineadas. Além de medidas de estabilização de emergência, está previsto o restauro de habitats e redes hidrográficas e a criação de um hub científico e tecnológico.
"O bolo conta com cerca de 25 milhões de euros para diferentes programas", mas há ações que "ainda estão a ser limadas", adianta ao JN Jorge Ferreira, vice-presidente da Câmara de Gouveia.
Entre as "ações emergentes está a estabilização das encostas", já que "com as primeiras chuvas as escorrências poderiam ir ter aos leitos dos rios e daí para as bacias hidrográficas e prejudicar o abastecimento de água às populações", refere o autarca de Gouveia. Em causa estão "bacias hidrográficas muito importantes, como a da barragem de Castelo de Bode, que alimenta a Área Metropolitana de Lisboa, e a da barragem da Aguieira, na zona centro, para além de barragens mais pequenas que abastecem populações mais próximas", especifica.
Sérgio Costa, presidente da Câmara da Guarda, adianta que também haverá cuidado com a "preservação dos habitats". "O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas está a fazer um levantamento com vista à preservação dos habitats, da avifauna, espécies piscícolas, entre outras", conta o edil.
Aos quatro milhões de euros previstos para ações de estabilização de emergência, somam-se oito milhões para a recuperação e reabilitação dos povoamentos, habitats naturais e espécies afetadas, para executar ao longo dos próximos três anos. O restauro de habitats naturais e de áreas com elevado valor paisagístico será apoiado com dois milhões e a valorização da paisagem com meio milhão. Para a reabilitação da rede hidrográfica está prevista uma verba na ordem de dois milhões de euros.
Expectativa elevada
A criação de um hub científico e tecnológico da serra da Estrela é um investimento que ascende aos quatro milhões de euros e tem um prazo de cinco anos. "Fala-se de um hub tecnológico em termos de futuro, algo que a Guarda defende há muito tempo", refere Sérgio Costa, sublinhando que o plano de revitalização é vasto. Será "a todos os níveis da nossa economia, seja na inovação, nas novas tecnologias, na agricultura, floresta, paisagem, pecuária, setor turístico". "Queremos que o parque fique melhor do que estava, mas para isso precisamos de boas alavancas financeiras", diz o presidente da Câmara da Guarda, admitindo que os autarcas estão com "expectativa elevada".
Agora é "preciso que estas ideias sejam mesmo colocadas em ação e passem do papel à prática", conclui Jorge Ferreira.