Filipa enfrentou um cancro. Aos 44 anos não desiste de ser mãe. Sem um parceiro, Ana decidiu congelar óvulos Grande maioria recorre a preservação por motivo de doença.
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Filipa Guimarães viu a mãe e a tia a lutarem contra um cancro da mama. Aos 36, uma ecografia mamária veio confirmar o que temia. Antes de iniciar, em 2015, quimioterapia e terapia hormonal, uma enfermeira falou-lhe da possibilidade de congelar óvulos, uma vez que os tratamentos afetariam a sua fertilidade. “Na altura, o oncologista estava mais preocupado em tratar a doença, visto que eu era jovem, mas consegui ir a uma consulta na clínica que me encaminhou depois para a Maternidade Alfredo da Costa. Só tive uma semana para fazer a estimulação ovárica”, conta a técnica superior. Dos oito óvulos colhidos, aproveitaram cinco.
Terminados os cinco anos de tratamentos, Filipa, já fora de risco, quis seguir com uma gravidez através de técnicas de procriação medicamente assistida. Mas coincidiu com a altura em que a pandemia parou o país e as listas de espera para iniciar o tratamento atrasaram-se. No ano passado, aos 43 anos, já ultrapassava a idade limite permitida no SNS, mas não desistiu do sonho de ser mãe. Em março de 2022, lançou uma petição com vista ao alargamento do prazo. Para sua surpresa, uma semana depois, o SNS alargou para os 50 anos o prazo no caso de mulheres com doenças graves. Filipa e o companheiro irão começar as tentativas em breve. “Vamos ver como é que corre”, partilha, ansiosa.