O presidente do PS, Carlos César, acusou o líder social-democrata, Pedro Passos Coelho, de ser "um diabinho", considerando que lidera um partido "desorientado" e que não suporta que as coisas estejam "a correr bem" ao país.
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Carlos César falava aos jornalistas após ter sido recebido na Câmara Municipal de Seia, depois de confrontado com as duras críticas feitas pelo presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, à "falta de pudor" do Governo, tanto no que respeita ao modo como conduziu o processo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), como em relação à decisão de apenas avançar com o aumento extraordinário das pensões em agosto, pouco antes das eleições autárquicas.
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"O líder da oposição é um diabinho e não me parece que seja a pessoa adequada para falar de pudor. Penso que na oposição há uma desorientação evidente, em particular no PSD, porque não se suporta a ideia de que as coisas estejam a correr bem no país", reagiu o líder da bancada socialista.
Numa alusão à questão da CGD, Carlos César disse que o PSD "está agora ancorado em aspetos que julga estarem a correr mal".
Já sobre o tema do aumento extraordinário das pensões numa data próximas das eleições autárquicas de 2017 (o sufrágio não está ainda agendado, mas realizou-se sempre depois do verão), o presidente do grupo parlamentar do PS considerou "extraordinária" a posição atual dos sociais-democratas.
"O PSD, que andou durante estes meses a dizer que a Segurança Social estava à beira da falência, agora entende que deve haver aumentos todo o ano e que esses aumentos sejam ainda maiores do que aqueles que o Governo propôs", declarou Carlos César.
O presidente do PS defendeu depois que o seu partido "não governa nem por causa do presidente do PSD, nem para o presidente do PSD".
"O PS tem acordos firmados com partidos que apoiaram a investidura deste Governo [Bloco de Esquerda, PCP e PEV]. Temos uma política orçamental que tem sido definida em diálogo e em concertação com esses partidos. É nesse caminho que prosseguiremos", acrescentou o líder da bancada socialista.
Estamos perante uma oposição desorientada, desolada, depauperada e sem sorte
À noite, no início de um jantar com militantes socialistas na Guarda, segundo ponto do programa de três dias de Jornadas Parlamentares do PS, o presidente do PS voltou a reafirmar que há estabilidade política e social em Portugal, com "notícias encorajadoras" até da banca, enquanto a oposição está "depauperada" e Passos Coelho "tomado pelo diabo".
Carlos César sustentou depois que o crescimento económico está a ser mais elevado do que o estimado pelas instituições europeias, que o investimento estrangeiro e o turismo registam aumentos significativos, que os indicadores de confiança estão em alta e que os mercados reagem com "tranquilidade" ao novo executivo nacional.
Além disso, apontou, a Comissão Europeia "deu aval ao Orçamento do Estado para 2017, pela primeira vez sem exigir medidas adicionais, ao mesmo tempo que foram criados 100 mil empregos líquidos, havendo menos 85 mil desempregados".
"Mas parece que há quem não esteja satisfeito com os resultados positivos que já tivemos. Estamos perante uma oposição desorientada, desolada, depauperada e sem sorte. A oposição não tem sorte porque a sorte que escolheu foi a má sorte do país", afirmou, recebendo palmas.
O pior é que ele ainda vai ficar mais endiabrado, porque o país ainda ficará melhor
De acordo com Carlos César, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, "parece tomado pelo diabo e não há candidato a exorcista (seja ele Luís Montenegro, Santana Lopes ou Rui Rio) que não lhe explique que o mundo não é assim, que não pode atacar as estatísticas e que não pode atacar toda a gente".
"Ele não pode atacar o Governo, o presidente da República, o Tribunal Constitucional e a Assembleia da República. Ele não pode atacar tudo e todos só porque o país está melhor do que ele queria. O pior é que ele ainda vai ficar mais endiabrado, porque o país ainda ficará melhor", considerou.
Na intervenção que antecedeu a de Carlos César, o líder federativo socialista da Guarda, António Saraiva, criticou a "falta de solidariedade para com a região da Beira Interior na constituição deste Governo" e manifestou a esperança de que essa "lacuna" seja corrigida na próxima legislatura.
O presidente desta federação socialista fez um discurso com críticas à coligação PSD/CDS-PP que lidera a Câmara Municipal da Guarda, acusando-a de práticas de "compadrio".
"Os deputados do PS vão ficar a conhecer a cultura do Portugal profundo. Estarão mais sensíveis para defenderem políticas de discriminação positiva", acrescentou.