O primeiro-ministro e o presidente do PSD trocaram acusações a propósito do esboço orçamental, com Passos Coelho a falar em "manipulação" de dados e António Costa a responder-lhe que "é a sua credibilidade que está em causa".
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Durante este confronto, no debate quinzenal, no parlamento, Passos Coelho referiu que a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) que funciona junto do parlamento "chamou mesmo à atenção para a violação que só pode ser considerada grave de manipulação de classificação de dados orçamentais", observando: "Felizmente nunca passei pelo embaraço de ter um ministro das Finanças que tivesse de ser corrigido dessa maneira pela UTAO".
Na resposta, António Costa, alegou que a dúvida entre classificar medidas como temporárias ou estruturais decorre de informações prestadas pelo anterior executivo PSD/CDS-PP à Comissão Europeia, como os cortes de salários e pensões. "O que está em causa nestas discussões técnicas não é a nossa credibilidade. É, infelizmente, a sua credibilidade, e as duas palavras que disse aos portugueses e à União Europeia".
"Uma fezada", diz o CDS-PP
Também o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, afirmou que o primeiro-ministro "estampou-se" com um esboço de Orçamento do Estado assente "numa fezada", e "vai levar também o país a estampar-se".
"O senhor estampou-se e, o que é mais grave, vai levar também o país a estampar-se. Isso é que nos preocupa", afirmou Nuno Magalhães, dirigindo-se ao primeiro-ministro no debate quinzenal quando falavam do esboço orçamental, que inclui um aumento do imposto sobre os produtos petrolíferos.
O líder parlamentar centrista usou uma metáfora automóvel após António Costa ter dito que o CDS agora vai ser "o partido dos automobilistas".
Magalhães disse que o CDS recusa validar um esboço orçamental "assente em bases não realistas, não credíveis, e não exequíveis": "Desde logo porque a história nos ensina que países que fazem orçamentos artificiais são as primeiras vítimas da ilusão dos seus governos".
Referindo-se à "unanimidade tão completa fora e dentro o sobre a credibilidade de um esboço" usou a imagem de uma consultora como síntese. "Numa ideia, a Deloitte resume tudo: este projeto de Orçamento baseia-se numa fezada e não na realidade", afirmou.