O chefe do Governo do PS, António Costa, chamou, esta sexta-feira, duas vezes "senhor primeiro-ministro" ao seu antecessor, Pedro Passos Coelho, aparentemente por lapso, durante o debate quinzenal, e convidou-o a "virar a página relativamente ao passado".
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Na sua intervenção, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, confrontou o primeiro-ministro com as críticas ao esboço de Orçamento do Estado para 2016, mas antes pediu-lhe que reconhecesse o trabalho do anterior executivo em matéria de modernização administrativa - tema do discurso inicial de António Costa.
"Eu compreendo e respeito a dificuldade que o senhor primeiro-ministro tem em libertar-se dos últimos quatro anos. Há de compreender que o meu dever é governar o dia de hoje com os olhos postos no futuro e não passar o tempo a alimentar consigo um debate sobre o seu passado", respondeu-lhe António Costa.
Em seguida, o chefe do Governo do PS voltou a chamar "senhor primeiro-ministro" ao presidente do PSD, causando ruído no hemiciclo, mas depois corrigiu: "Senhor deputado Pedro Passos Coelho, com toda a cordialidade, convido-o a vir para o presente, porque no presente é muito bem recebido".
"E no presente encontrará um largo futuro. Não fique prisioneiro do passado, porque esta é a altura de virar a página relativamente ao passado", completou António Costa.
Passos Coelho saudou a importância atribuída pelo Governo do PS ao "processo de modernização do Estado e da economia", mas defendeu que nesta área tem havido uma "linha progressiva de simplificação", ao longo de sucessivos governos, incluindo no anterior executivo.
O presidente do PSD apontou como exemplos as alterações em matéria de licenciamento ambiental, industrial, ambiental e o novo Código do Procedimento Administrativo.
O ex-primeiro-ministro pediu a António Costa que reconheça a ação do anterior executivo PSD/CDS-PP, e aproveitou para criticar a recusa da oposição na anterior legislatura em colaborar nos "processos de reforma e de modernização do Estado".
"Na altura, os partidos da então oposição tinham medo de ficar contaminados com a chamada política austeritária. E ainda hoje essa retórica permanece, como se a reforma do Estado tivesse alguma coisa que ver com austeridade", considerou.