Anocas tem um tumor cerebral e precisa de assistência permanente da mãe. Governo vai tentar dar resposta.
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Depois de vários anos com atestados médicos e de uma licença especial para poder dar assistência à filha com uma doença oncológica, Alexandrina Pinto, de 55 anos, foi informada de que teria de se apresentar na escola, onde dá aulas, a partir de 31 de outubro. A professora contesta a decisão e pede solução para um problema que se arrasta há anos. Anocas, como a filha de 16 anos é carinhosamente chamada, tem um tumor cerebral. O Ministério da Educação indica que a tutela está a tentar resolver a situação.
Os médicos deram cinco anos de vida a Anocas, a quem foi detetado um tumor no cérebro aos dois anos. Hoje, já adolescente, tem um horário reduzido de aulas, durante a manhã, e preenche as tardes com várias sessões de terapia.
"No início, coloquei atestados por mim, pela minha filha e fui andando assim. Ao fim de ano e meio, o funcionário tem de voltar à escola e eu tinha que trabalhar um mês sem faltas", conta Alexandrina Pinto ao JN.
A professora esteve numa licença de quatro anos para pais com filhos com doenças crónicas, voltou aos atestados médicos e, em 2019, chegou-lhe uma licença especial para assistência a filho com doença oncológica, assinada pela então secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, e que terminou em janeiro de 2021.
Tentar A reforma
Voltaram os atestados e as idas às juntas médicas. Foi-lhe recomendado reformar-se por doença na Caixa Geral de Aposentações, mas não cumpria os critérios. Durante o período de espera da decisão, Alexandrina Pinto contactou vários gabinetes, entre eles, o do presidente da República e o do primeiro-ministro. A 28 de outubro, foi avisada pelo diretor da escola onde leciona, em Portimão, de que teria de voltar ao trabalho na segunda-feira. Não voltou.
Ao JN, o Ministério da Educação sublinha que, após conhecimento da situação, "a Direção-Geral da Administração Escolar entrou em contacto com professora e a escola". A tutela está a "elaborar a informação com o enquadramento legal necessário e vigente no sentido de dar uma resposta", concretiza.
Por ser uma família monoparental, Alexandrina não tem retaguarda e conta com a ajuda da comunidade para fazer face às despesas de saúde. "A minha filha gasta três mil euros por mês em terapias, mais renda de casa e combustível. Estou à espera de resposta [do Governo] rapidamente".