Têm 50 ou anos ou mais, elevada qualificação e experiência profissional, mas estão parados por não conseguirem reverter a sua situação de desemprego. Este é o cenário de milhares de portugueses. Mas 40 deles conseguiram regressar à população ativa durante o ano de 2022, com o apoio de um novo projeto da associação dNovo.
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No ano passado, foi lançado um projeto piloto que pretende ajudar desempregados seniores que tenham qualificações a regressar ao mercado de trabalho. Os resultados do primeiro ano são apresentados esta quinta-feira no Campus de Carcavelos da Nova SBE, pela associação sem fins lucrativos dNovo. Até 2025, a associação "pretende triplicar o número de pessoas apoiadas", lê-se em comunicado enviado ao Jornal de Notícias.
Em 2022, ano de arranque do projeto, a dNovo acompanhou 176 profissionais qualificados, em situação de desemprego, "na transição para um novo projeto profissional, dos quais 23% já regressaram ao mercado de trabalho". Até ao final do presente ano, a meta é duplicar "o número de profissionais apoiados e aumentar a percentagem dos que regressam ao mercado de trabalho". João Castello Branco, presidente do conselho de administração da dNovo, salienta que "o desemprego sénior qualificado é um fator de preocupação, não só pelo impacto social que tem nas pessoas afetadas, mas também pelo desperdício de recursos humanos qualificados e de talento desaproveitado".
Em declarações ao JN, Castello Branco explica que as maiores dificuldades dos seniores desempregados são, por um lado, os "preconceitos relativamente à contratação" nesta faixa etária e, por outro lado, "dificuldades dos próprios profissionais seniores em adaptar-se a novos trabalhos e a novas condições laborais". É neste campo que entra a ação da dNovo, já que o projeto é responsável pela mentoria das pessoas acompanhadas, ajudando na sua capacitação e requalificação, além de garantir uma rede de contactos alargada, "facilitando o encontro entre profissionais e empresas".
Das cerca de 83 mil pessoas entre os 45 e os 64 anos de idade, que estavam sem trabalho em 2022 em Portugal apesar de terem formação de ensino superior, "77% optaram por sair da população ativa, desistindo de procurar qualquer tipo de trabalho," e os "restantes 23% estão no desemprego". Este último equivale, segundo a dNovo, a um crescimento de 78% entre 2011 e 2021.
Para o presidente da dNovo, João Castello Branco, a responsabilidade de apostar na mão de obra sénior qualificada está também do lado dos governos, que devem prever incentivos que acelerem a saída destas pessoas do desemprego, "o que na prática pode ter um impacto neutro ou mesmo positivo para o Estado, dada a redução no subsídio de desemprego" e a criação de valor na economia.