O Norte tem uma maior prevalência e incidência de cancro do estômago. Região esta onde se iniciou, e consolidou, o rastreio de base populacional ao cancro do cólon e reto. Base que poderá permitir, agora, alargar o rastreio ao cancro do estômago. No qual o Centro de Investigação do IPO Porto está empenhado, através do projeto TOGAS, em consórcio com vários parceiros europeus, de universidades a clínicas, com um orçamento global de 11,3 milhões de euros.
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Ao JN, o diretor do serviço de Gastrenterologia do IPO do Porto, desde a primeira hora envolvido no rastreio ao cancro do cólon e reto no Norte, explica que aquele "consórcio vai avaliar várias metodologias de rastreios, seja não invasiva, seguidas de endoscopia". O projeto-piloto, esclarece Mário Dinis Ribeiro, conta com uma amostra de 1400 indivíduos a nível europeu e, "se funcionar, pode ser alargado à região Norte".
Cujas especificidades para o cancro gástrico, "comparável com a Europa do Leste", parecem ter a sua explicação em fatores "genéticos", mas também de maior prevalência da bactéria Helicobacter pylori e, possivelmente, de hábitos alimentares relacionados com um maior consumo de sal e de fumados e enchidos".
Maximizar rastreio
Na prática, a ideia será maximizar os dados do rastreio de base populacional ao cancro colorretal, assente na pesquisa de sangue ocultos nas fezes: sendo positivo, o utente é encaminhado para endoscopia. Alargando-se, então, ao estômago.
"O que existe é uma rede em que o IPO participa como piloto para o cólon e reto, desde o primeiro dia. Por capacidade instalada, vai ter um piloto financiado a nível europeu para rastreio ao cancro gástrico", afirma Mário Dinis Ribeiro que, hoje, no âmbito das comemorações do Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, que se assinala amanhã, falará sobre o tema numa conferência organizada pelo Programa Nacional para as Doenças Oncológicas e pela Direção-Geral de Saúde.
Quanto à população elegível, considera que aqueles com "mais de 50 anos, assintomáticos, devem fazer rastreio ao cancro do intestino e investigar se faz sentido também ao cancro do estômago". Nos casos em que há "história familiar, estes têm recomendação específica".
Objetivos do TOGAS
Avaliação das necessidades da população-alvo na prevenção do cancro gástrico; avaliação da adequação das várias modalidades de rastreios; garantir a sustentabilidade dos resultados.
Consórcio
Reúne 18 parceiros e três parceiros associados de 12 estados-membros. Tem a duração de três anos.