Pela primeira vez todos os alunos do 2.º, 5.º e 8.º ano (cerca de 270 mil) fazem, este ano, as provas de aferição em computador e as escolas vão poder dividi-los em dois turnos. Os diretores também vão poder escolher entre fazer a avaliação online ou offline, tendo neste caso os alunos de fazer download da prova no início.
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Falhas na rede das escolas por muitos alunos acederem ao mesmo tempo é uma das principais preocupações dos diretores, explicou ao JN o presidente da ANDAEP, Filinto Lima. Em resposta escrita enviada ao JN, o IAVE assume que as principais preocupações expressas pelos diretores nas reuniões com o diretor do instituto foram "questões organizativas e a preparação dos equipamentos informáticos".
No caso das escolas optarem pelo modo offline, será feita "uma sincronização prévia com os servidores" do IAVE para o download das provas ser feito antes da avaliação e depois as respostas serem submetidas no final. "Em todos os momentos de transferência de dados, estes encontram-se encriptados", frisa o IAVE.
A digitalização das provas levou a ajustes no calendário. O despacho publicado esta sexta-feira em Diário da República altera as datas das aferições a Ciências Naturais e Físico-Química do 8.º ano e de História e Geografia de Portugal do 5.º ano, reagendadas para 5 e 7 de junho, respetivamente, para evitar provas a diferentes disciplinas no mesmo dia. As provas teóricas realizam-se entre 2 e 20 de junho.
As possibilidades offline, em turnos e ajustes no calendário pretendem diminuir o número de alunos, facilitando a organização, nomeadamente se surgirem dificuldades com os equipamentos ou dúvidas dos alunos, apurou o JN.
Além da capacidade da rede das escolas, o número de alunos sem equipamentos porque as famílias recusaram os kitt tecnológicos ou os têm avariados é outra preocupação, sublinha tanto Filinto Lima, como o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE). Outro receio é com os alunos mais novos que "têm menos autonomia", frisa Manuel Pereira.
Recorde-se que a comissão de acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência alertou que 180 mil dos 600 mil computadores comprados pelo Governo não foram entregues. A maioria por recusa das famílias que rejeitaram ter de pagar eventuais danos.
As escolas devem ceder equipamentos aos alunos que não têm computador e ter nas salas outros de reserva para acautelar falhas.
De acordo com o IAVE, a digitalização das provas permite uma classificação "mais célere, o que trará melhorias na devolução dos resultados às escolas".
Hotspots individuais
O agrupamento Maria do Carmo Serrote, em Sesimbra, foi um dos que no ano passado participou no projeto piloto das provas de aferição digitais. "Tudo correu bem" mas exigiu muita preparação, contou ao JN o diretor Luís Pacheco.
A escola também é das que já aderiu aos manuais digitais. No ano passado seis turmas; este ano todas do 3.º ao 8.º ano. Neste agrupamento, a taxa de aceitação do kit tecnológico é "superior a 90%", garante o diretor, que atribui o facto à comunicação antecipada às famílias da importância dos equipamentos no projeto educativo da escola que envolve o ensino digital. O agrupamento tem dois técnicos de informática, salas com fichas nas secretárias. Os computadores fazem parte do material escolar diário.
Para acautelar falhas na rede, especialmente nas escolas de 1.º ciclo, Luís Pacheco conta que alunos e professores levaram os seus hotspots individuais (que integram o kit), cada um com o nome do aluno e do docente para que fosse mais fácil o acesso. Todos os equipamentos ficaram nas escolas "um ou dias antes para se ter certeza que nenhum se esquecia e testar antecipadamente", explicou.