O ministro da Educação afirmou, esta sexta-feira à tarde, que as provas de aptidão do ensino profissional e do ensino artístico "põem num chinelo" os exames nacionais.
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A declaração foi proferida durante a apresentação da avaliação intercalar do Programa Operacional Capital Humano (PO CH), que decorreu no auditório da reitoria da Universidade de Lisboa.
"Chegamos a junho e o país anda obcecado com os exames nacionais, quando estão a acontecer as provas de aptidão profissional e as provas de aptidão artística, que, em muitos casos, põem no chinelo um exame que é feito em hora e meia, em termos de complexidade e em termos de esforço", defendeu João Costa.
O governante disse que o sistema de ensino tem de dar resposta a perfis heterogéneos, através da diversificação da oferta como ferramenta chave para garantir as qualificações. "Considerar que o ensino profissional não é uma via igualzinha à via científico-humanística é apenas fruto da desinformação."
"Não há hoje quem não reconheça que compete à escola formar jovens que são capazes de resolver problemas, de pensar criticamente, de ter capacidade criativa, de ter capacidade de análise e de trabalhar em equipa", sublinhou. "Quando olhamos para o ensino profissional, temos isso já há muito tempo."
Para fundamentar a sua posição, o ministro referiu ainda que estes alunos "trabalham sobre projetos, na integração do que se passa fora da escola dentro da escola, e têm a obrigação de desenvolver um projeto que é apresentado publicamente perante um júri externo, que é algo que só voltam a ter quando concluem o seu mestrado".
O governante lamentou, por isso, que este sistema de ensino continue a ser estigmatizado. "Isso só acontece porque há falta de informação e há falta de divulgação", garantiu. "Olhar para o problema das qualificações é necessariamente olhar de uma forma integrada. Foi preciso chegar a várias frentes."
Resultados "históricos"
Salientou ainda o "grande apoio" que o PO CH deu para a redução histórica da taxa de abandono escolar precoce e para o aumento histórico da taxa de sucesso e de conclusão do ensino secundário, em articulação com as comunidades intermunicipais e com os programas operacionais regionais.
"Percebemos que as medidas de caráter geral tinham praticamente atingido o limite da sua eficácia", explicou João Costa. "Era preciso descer ao local e que as comunidades educativas encontrassem soluções adequadas para as questões específicas e concretas que têm em diferentes territórios, em diferentes escolas, em diferentes turmas, com diferentes alunos."
Criticou, por isso, os "antigamentistas" que contestam muitas das medidas que têm sido tomadas pelo Governo na área da educação, apesar de considerar que se assistiu a um progresso inigualável. "Continuamos a ouvir, por vezes, a ideia de que não vale a pena estudar, que não compensa, mas a realidade mostra que quem estuda ganha mais e tem mais facilidade de encontrar emprego."
"As metas não se atingem de forma simples. A pior política pública é aquela que responde a problemas complexos com respostas simples", sublinhou o ministro. "Esse é o ingrediente dos populismos que crescem por todo o Mundo."
O encontro foi promovido pelo "Público".