Numa ação de campanha em Leiria, Pedro Nuno Santos falou também de imigração e defendeu "um choque salarial para alimentar o choque de produtividade" que a economia precisa.
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O Partido Socialista acusa a Aliança Democrática (AD) de "retrocesso civilizacional" em relação à questão do aborto e de querer voltar ao tempo da criminalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG). Em causa estão as declarações de Paulo Núncio, vice-presidente do CDS-PP que, num debate promovido pela Federação Portuguesa pela Vida, defendeu que "a única forma" de reverter a despenalização do aborto é pela "via do referendo". A reação de Pedro Nuno Santos surgiu num almoço com militantes em Leiria, onde falou de imigração, reconhecendo a necessidade de adaptar os serviços públicos para "receber melhor" quem procura o país para trabalhar e viver. Deixou ainda a promessa de rever "em alta" o acordo de rendimentos, que prevê que o salário médio chegue aos 1750 euros em 2027.
Reagindo às declarações de Paulo Núncio sobre o aborto, Pedro Nuno Santos lamentou que se queira pôr em causa "uma conquista sólida e consistente", acusando a AD de pretender "voltar ao tempo da prisão, do risco de vida e da criminalização". Pelo que, deixou o apelo ao voto das mulheres. "Esta é uma eleição muito importante para todas as mulheres, para o que está em causa nas suas vidas", afirmou, no seguimento do que, momentos antes, tinha dito Eurico Brilhantes Dias, cabeça-de-lista por Leiria, que considerou que colocar em hipótese um novo referendo ao aborto é "um retrocesso civilizacional".
Imigração tem de ser encarada "com humanismo e respeito"
No almoço-comício em Leiria, onde condenou os ataques feitos nessa manhã por ativistas climáticos ao líder da AD, Pedro Nuno Santos abordou também o aumento da imigração. O candidato a primeiro-ministro admitiu que "o fenómeno traz alguma tensão" e reconheceu que "o Estado Social tem de acompanhar a procura crescente de estrangeiros" que querem trabalhar em Portugal.
Para o líder do PS, o país precisa de "encarar o fenómeno com humanismo e respeito", fazendo "um combate sem tréguas" ao tráfico de seres humanos, à imigração ilegal e à exploração de imigrantes. "Não enfiamos a cabeça na areia e reconhecemos que é preciso adaptar o SNS, a escola pública e o Estado Social para receber quem vem e proteger também aqueles que já cá estavam", afirmou, numa intervenção onde destacou o papel dos imigrantes na economia e na sustentabilidade da Segurança Social (SS). "Vários setores paravam se travássemos a imigração. A criação de riqueza faz-se com os portugueses e com quem procura Portugal para trabalhar", reforçou, salientando ainda os 1600 milhões de euros de saldo positivo das contribuições dos imigrantes, que representam "40% do excedente da SS registado em 2022. "As pensões estão a ser financiadas pelo trabalho dos imigrantes. Respeito. Respeito."
No seu discurso, Pedro Nuno Santos reagiu também às declarações de Luís Montenegro que disse que se demitia se tivesse de cortar pensões em caso de crise. "Quando há um aperto, vão sempre aos mesmos. Connosco não se cortam pensões", disse, prometendo um "choque salarial para alimentar o choque de produtividade que a economia precisa", com aumentos na função pública, mas também no privado.