João Paulo Correia, vice-presidente da bancada socialista, avisa que a proposta do Bloco de Esquerda para o Novo Banco "é perigosa", revela "nervosismo" e implica "contagiar os outros bancos e o restante sistema financeiro".
Corpo do artigo
A propósito das negociações para o Orçamento do Estado de 2021, em que o Bloco tem exigido que não seja injetado mais dinheiro para o Novo Banco, a deputada Mariana Mortágua destacou esta sexta-feira que a proposta dos bloquistas é de capitalização direta pela banca sem intervenção do Fundo de Resolução.
12871087
"A proposta do Bloco é perigosa e revela nervosismo da parte deste partido", reagiu ao JN o socialista João Paulo Correia. Antes de mais, critica o BE por "todas as semanas acrescentar uma linha vermelha em relação ao Novo Banco". E lembra que "começou por dizer que não viabilizava um orçamento em que o Estado emprestasse dinheiro ao Fundo de Resolução."
"O Governo ultrapassou essas linhas vermelhas. Agora o BE quer que os concorrentes do Novo Banco entrem no seu capital social", regista o deputado do PS. Por isso, avisa que "se o Novo Banco assumir que precisa de mais capital do que o previsto no plano estratégico e que os concorrentes entrem nesse capital, estará a assumir um incumprimento do plano estratégico" e "consequentemente o aumento das necessidades de capital".
João Paulo Correia considera que a proposta do BE "é perigosa porque contagia os outros bancos e o sistema financeiro". Ou seja, a "doença" que diz ter passado do BES para o Novo Banco passaria agora para os restantes.
De manhã, o Governo, pela voz de Duarte Cordeiro, assumiu o compromisso de não fazer qualquer empréstimo público ao Fundo de Resolução para financiar o Novo Banco em 2021, mas defendeu uma solução que evite riscos sistémicos no sistema financeiro nacional.
BE diz que entra sempre para défice
Antes, a deputada Mariana Mortágua argumentou que qualquer transferência feita através do Fundo de Resolução, mesmo sem recurso a novo empréstimo do Estado, "entra sempre para o défice" e "beneficia sempre de uma garantia pública".
"Se este é um problema entre bancos, como nos têm dito, então ele tem de ser resolvido entre bancos, sem colocar o Fundo de Resolução e, portanto, os contribuintes a intermediar e a garantir esta capitalização", defendeu.