PS e PSD convergiram esta terça-feira, na Assembleia da República (AR), quanto à necessidade de introduzir "rapidamente" o voto eletrónico, em particular nas comunidades portuguesas no estrangeiro. Numa sessão de reflexão sobre a reforma do modelo eleitoral, também o presidente da AR, Augusto Santos Silva, abriu a porta à introdução do voto digital, apelando ainda a que as forças políticas concluam a reforma das leis eleitorais "ao longo desta legislatura".
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"Obviamente que o futuro é o voto eletrónico", afirmou António Maló de Abreu, deputado do PSD eleito pelo círculo Fora da Europa. "É eu estar de férias em Miami, por exemplo, e poder votar lá de forma eletrónica", completou.
O parlamentar esclareceu, contudo, que a introdução do voto eletrónico deve ser "para todos" e não só para as comunidades. Mas deixou um apelo: "Avancemos para o das comunidades, porque esse seguramente é melhor - podendo ter ainda algumas falhas - do que o voto como está a ser feito".
Voto por correspondência é propenso a "fraudes", diz PSD
A esse respeito, Maló de Abreu disse que o voto por correspondência é propenso a "fraudes" e que ele próprio já viu "carradas de votos com a mesma caneta de feltro azul clara". O parlamentar pediu ainda que se faça "um estudo rápido, aprofundado e que dê segurança" a quem vote de modo eletrónico.
Berta Nunes, deputada do PS e que, até março, desempenhava as funções de secretária de Estado das Comunidades, saudou a tomada de posição dos sociais-democratas. "Fico satisfeita por ver o PSD, neste momento, a dizer que é absolutamente a favor do voto eletrónico", frisou.
A socialista lembrou que há um projeto de lei na AR que propõe que esta forma de votar seja testada nas próximas eleições do Conselho das Comunidades. Sobre a vertente presencial do voto eletrónico, referiu que ela é "ainda mais importante" para a diáspora: "Em vez de estarmos a enviar os votos para serem contados, chegavam cá contados no mesmo dia e não havia esta confusão toda", argumentou.
Antes, Santos Silva tinha aberto a porta ao voto eletrónico, desde que se garanta que este é "pessoal, seguro e direto". O líder da AR pediu também que os partidos ponderem se querem uma reforma "mais pragmática" - mudando só aspetos consensuais - ou "mais sistemática", o que pode revelar-se moroso.
A eventual criação de círculos uninominais (em que se escolhe o próprio deputado) ou de compensação (de modo a impedir o "desperdício" de votos) serão outros dos temas a debater.