O PS recorreu esta quinta-feira de uma decisão do presidente da Comissão de Inquérito à CGD, que considerou válido o pedido do PSD para se ouvir António Domingues e Mário Centeno pelas demissões no banco público. O PSD acusa os socialistas de quererem "fintar a lei".
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De manhã, os coordenadores do PS, BE e PCP na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à CGD decidiram chumbar o requerimento do PSD para a audição do presidente demissionário do banco público, António Domingues, e do ministro das Finanças, Mário Centeno.
Contudo, perante a decisão à Esquerda, o PSD interpôs um requerimento potestativo, que na prática obriga a que o banqueiro e o governante se apresentem na CPI.
O PCP questionou então o presidente da CPI, o social-democrata Matos Correia, pedindo uma interpretação da mesa sobre se a audições se encaixavam no objeto da comissão [qualquer comissão parlamentar necessita de um objeto definido sobre o qual trabalhar, sendo que no caso desta CPI houve toda uma saga antes da sua constituição].
Segundo o deputado do PSD, Hugo Soares, o presidente da CPI considerou que as pretensões social-democratas tinham o devido enquadramento no regimento da comissão.
Ora, o PS recorreu então para o plenário da Comissão Parlamentar, onde existe uma maioria de Esquerda. Na terça-feira, a CPI decide sobre este recurso socialista.
"Trata-se de uma vergonha nacional", considerou Hugo Soares, na tarde desta quinta-feira, no Parlamento, alegando que o pedido do PSD surgiu depois das "explicações que não foram dadas pelo primeiro-ministro" no último debate quinzenal.
"Querem fintar a lei, funcionando como forças de bloqueio, impedindo a vinda de António Domingues e Mário Centeno. [A Esquerda] Está a funcionar como o rolo compressor e a colocar em causa o funcionamento da Assembleia da República", disse Hugo Soares, coordenador dos deputados do PSD na CPI.
Há uma semana, interpelado por Pedro Passos Coelho, o chefe do Governo disse ter achado "estranho" a demissão de António Domingues, mas que esta tinha ocorrido na senda da aprovação de uma iniciativa legislativa do PSD - com o apoio do BE e do CDS -, que obrigava o Conselho de Administração da CGD a apresentar declarações de rendimentos e património no Tribunal Constitucional.