Paulo Portas e Passos Coelho apresentaram este sábado a sua proposta de coligação às próximas eleições legislativas. As palavras de ordem foram estabilidade e rigor, "contra as facilidades do passado". Este foi o contraste reiterado que marcou o primeiro ato de campanha eleitoral.
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O anúncio de que haveria uma declaração dos líderes dos dois partidos chegou às redações ao início da tarde deste sábado, ao mesmo tempo que começava o desfile na Avenida da Liberdade. Sinal de que queriam colar o seu projeto à comemoração do 25 de Abril.
Portas fez questão de o lembrar logo no início do discurso. Minutos depois, dizia aos portugueses que este Governo "foi chamado a governar com a casa a arder". "Outros trouxeram a Troika, a nós coube-nos o encargo de a fazer sair ", acrescentou. Portas pedia assim "prudência e caldos de galinha" no momento em que o país tiver de escolher quem governará nos próximos anos. No seu discurso afirmou que "a sobretaxa do IRS pode ser eliminada, deve ser eliminada e vai ser eliminada, ano após ano" e destacou também que "o défice fica abaixo de 3% em 2015". O líder do CDS-PP asseverou também que a redução do desemprego jovem "é prioridade".
Passos Coelho afinou pelo mesmo diapasão, afirmando que "nunca antes em Portugal houve uma coligação com tanta estabilidade". Esta "é uma aliança que quer recuperar o país". O líder do PSD lançou depois uma reflexão: "Os portugueses terão de escolher como querem que sejam os próximos anos, isto é, se preferem estabilidade ou trazer de volta ilusões que saíram tão caras a todos nós". E ficou a garantia: "Os melhores anos estão à nossa frente".
A formação desta aliança para as legislativas será agora levada aos órgãos nacionais. Durante esta semana, os dois partidos vão convocar as comissões políticas e conselhos nacionais respetivos para aprovar os documentos que sustentarão a coligação para as legislativas, disse fonte do PSD ao JN. Mas apenas este domingo serão divulgadas as datas e as horas das reuniões. A intenção, garantiu, é "estar tudo aprovado até ao final da semana".
Os parceiros de coligação cumprem, desta forma, a promessa de fechar o acordo até maio. O objetivo é também ganhar terreno relativamente ao Partido Socialista, que já apresentou o seu cenário macroeconómico para servir de base ao programa de Governo que, por sua vez, será apresentado no dia 6 de junho.
Para assinar a coligação com que irão disputar as próximas eleições legislativas, Portas e Passos Coelho escolheram o mesmo hotel onde formalizaram a aliança para as europeias, o Myriad, na Expo, em Lisboa.
O acordo de princípio
Após as declarações, os dois líderes partidários assinaram o acordo de princípio que oficializa a coligação eleitoral.
"Decidimos propor aos órgãos nacionais do PSD e do CDS a formação de uma aliança para as eleições legislativas de 2015, visando garantir que Portugal terá, nos próximos quatro anos, um Governo estável e maioritário", refere essa declaração conjunta, que foi distribuída aos jornalistas.
"A aliança que proporemos ao PSD e ao CDS envolve a constituição de listas eleitorais conjuntas. Serão baseadas na representação que os dois partidos obtiveram nas últimas eleições legislativas, cumprirão os preceitos legais de igualdade de género e terão espaço para que setores independentes e inovadores se juntem e contribuam para um projeto vencedor", lê-se no documento.
Passos Coelho e Paulo Portas comprometem-se, na declaração conjunta que assinaram, a fazer uma aliança para as legislativas "aberta a independentes" e uma "campanha pela positiva".
Quanto ao programa político dessa futura coligação pré-eleitoral, propõem "eliminar, gradual mas firmemente, as medidas restritivas" e sustentam que o seu modelo económico, "se for bem gerido, faz avançar a economia, dá margem para o desagravamento fiscal e permite melhorar a qualidade do serviço e do apoio nas políticas sociais".
O compromisso prevê ainda que os dois partidos dialoguem para, após as legislativas, apoiarem um candidato presidencial. "A aliança que proporemos aos nossos partidos respeitará as autonomias regionais e incluirá o necessário diálogo para que, depois das eleições legislativas, apoiemos um candidato presidencial, tendo em atenção que as eleições presidenciais implicam decisões de vontade individual que não se esgotam nem dependem unicamente da esfera partidária", refere o documento.