O primeiro-ministro deve envolver-se pessoalmente para impedir o prolongamento do tempo de vida da centra nuclear de Almaraz, situada a cem quilómetros de Portugal, entendem os deputados social-democratas.
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O PSD exigiu, na tarde desta sexta-feira, a intervenção do primeiro-ministro na decisão do governo espanhol de construir um aterro para lixo radioativo em Almaraz que, na prática, prolongará a vida da central nuclear mais vinte anos, garante. "Se o Estado português vê violados os seus direitos no plano da legislação europeia, alegadamente, de uma forma tão gritante, isso exige que a defesa do interesse nacional seja também ela protagonizada pelo seu representante executivo máximo: o senhor primeiro-ministro - o que não aconteceu até ao momento", lê-se num comunicado do grupo parlamentar do PSD.
A intervenção direta de António Costa justifica-se pelo facto de o ministro do Ambiente português ter sido "desconsiderado pelo seu homólogo espanhol quando agia em representação do Estado Português" - desconsideração essa que "deve ser interpretada como sendo feita a todos os portugueses". Sem isso, os deputados laranjas concluem que "para o senhor primeiro-ministro, Almaraz não está, nem nunca esteve, no centro das suas preocupações". Prova disso, dizem, é "o silêncio e a inação do senhor primeiro-ministro".
Matos Fernandes, titular da pasta do Ambiente, não também não foi poupado pelos deputados do PSD. "Os passos que decidiu encetar se revelaram infrutíferos" e só "tardiamente" adotou "uma atitude mais atuante", afirmam. A construção do armazém para resíduos nucleares permite "prolongar o funcionamento da central nuclear por mais duas décadas, aparentemente em desrespeito por compromissos anteriormente assumidos perante o Governo português", o que demonstra a "evidente falta de peso e de crédito político do Senhor Ministro do Ambiente no plano internacional", sustentam.
O prazo de vida da central de Almaraz acabou em 2011, mas foi prolongado até 2020 por Espanha. "Ao longo deste tempo já foram reportados 89 incidentes nesta central, sendo que um dos últimos aconteceu em junho deste ano, tendo na sua origem o sistema de refrigeração de um dos reatores", afirmam,