PSD retira candidatura de Aguiar-Branco e acusa PS e Chega de fazerem "coligação negativa"
O líder parlamentar do PSD, Miranda Sarmento, anunciou que o seu partido retirará a candidatura de Aguiar-Branco para presidente do Parlamento, acusando PS e Chega de formarem um "coligação negativa" para prejudicar os sociais-democratas. Os dois partidos visados contestaram. Haverá nova votação às 21 horas.
Corpo do artigo
“O grupo parlamentar do PSD foi informado de que nem PS nem Chega mudam o seu sentido de voto e, portanto, inviabilizam a eleição", afirmou Miranda Sarmento. "Nesse sentido, nós retiramos a candidatura do sr. deputado José Pedro Aguiar-Branco", revelou. Este, recorde-se, precisava de 116 votos a favor para ser eleito, mas ficou-se pelos 89.
Dito isto, Miranda Sarmento ironizou: "Assistimos à primeira coligação negativa desta legislatura, entre PS e Chega. Talvez haja uma coligação positiva das duas forças e queiram apresentar um candidato a presidente da Assembleia da República". Esta observação recebeu uma sonora salva de palmas da parte dos deputados do PSD, mas foi muito contestada tanto pelo PS como pelo Chega.
O primeiro a pedir a palavra foi André Ventura, que quis saber onde é que Sarmento foi buscar "a bola de cristal" que o fez concluir que o Chega não aprovaria o nome de Aguiar-Branco numa segunda votação. Devolveu a acusação ao PSD, alegando que foram os sociais-democratas a procurar "coligações com o PS".
Ventura considerou também que a intervenção de Miranda Sarmento equivale a "atirar a toalha ao chão". Nesse sentido, argumentou que os sociais-democratas colocaram "o interesse egocêntrico do partido acima do [do] país".
O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, pediu a palavra logo de seguida, esclarecendo que o fez apenas porque o seu partido "foi mencionado" pelo PSD. Realçando que o "acordo" entre PSD e Chega com vista à eleição de Aguiar-Branco (e consequente eleição de Pacheco Amorim, do Chega, para vice) foi "apresentado a todo o país", Brilhante Dias concluiu que esse entendimento "não funcionou" e "foi rasgado em menos de 24 horas".
"O PS não foi tido nem achado nos acordos da Direita", insistiu Brilhante Dias. A seu ver, tudo se resume a "má-fé" da parte de PSD e Chega.
Após conferenciar com os partidos, o comunista António Filipe - que lidera o Parlamento até que haja um presidente eleito - anunciou que poderão ser apresentadas novas candidaturas até às 20 horas. Caso existam candidatos, haverá uma nova votação às 21 horas.