
Foto: José Sena Goulão/Lusa
José Manuel Pureza, que encabeça a moção A à XIV Convenção Nacional do BE, considerou, este sábado, que o partido "tem de mudar para crescer" e defendeu "todos os diálogos" para que a esquerda volte a ganhar iniciativa e força.
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"Já houve tantos vaticínios de desaparecimento, nunca se cumpriram. O Bloco é um partido que tem força. Está numa situação difícil é evidente, tem que mudar para crescer, é evidente", disse Pureza à chegada da reunião magna que arranca hoje em Lisboa e marca a despedida de Mariana Mortágua da liderança do partido.
O antigo vice-presidente do parlamento antecipou dois dias de discussão sobre "caminhos e formas de ganhar força", mas sobretudo do partido estar ao "serviço das lutas de quem não tem poder e de quem está a ser agredido pela extrema-direita, pela direita extrema".
"Temos que ter a capacidade de, com inteligência, com humildade, fazer todos os diálogos que forem necessários para que a esquerda reganhe iniciativa e reganhe força no nosso país. O Bloco tem isso no seu ADN e vai procurar cumpri-lo", assegurou.
Outro das bases de uma eventual liderança sua, segundo Pureza, é a necessidade do BE "alterar procedimentos e a cultura de organização".
"Temos que ser uma organização com muito maior capacidade de envolvimento, muito maior capacidade de tratar bem a militância, de estimular a militância. Isso é absolutamente fundamental e temos que nos organizar para isso e eu acho que há uma vontade unânime nesse sentido", enfatizou.
O bloquista assumiu que os "diálogos são sempre difíceis", mas disse que essa é a sua vida e prometeu que não fará "outra coisa senão dar tudo aquilo" que sabe para que esses diálogos sejam necessários.
"E para que esta força política o faça nas melhores condições para que possamos ter uma participação muito forte nesses diálogos e nessa maior força da esquerda que é absolutamente necessária para pôr termo a uma agressão brutal de que o nosso povo está a ser vítima por parte da extrema-direita", assegurou.
Para Pureza, o BE "é, desde sempre, uma força socialista que não tem vergonha de dizer que é socialista" e "uma força de esquerda que não tem vergonha de dizer que é de esquerda".
"Não há nenhuma gaveta em que nós nos sintamos mal à esquerda", disse, numa referência implícita, sem citar o nome de António José Seguro, o candidato presidencial apoiado pelo PS que numa entrevista ao Público questionou o motivo de o tentarem "arrumar em gavetas" quando questionado se era de esquerda.
O antigo deputado afirmou ser preciso "um programa que seja capaz de dar resposta àquilo que hoje está a acontecer" em Portugal e no mundo.
Questionado sobre se a sua liderança será na busca de um BE mais moderado, Pureza respondeu não saber "muito bem o que é isso da moderação".
"Eu vejo o PSD no Governo, vejo Luís Montenegro a ter, relativamente à saúde ou à habitação, a atitude mais radical que alguma vez aconteceu depois do 25 de Abril, a partir do Governo, e, no entanto, dizem que Luís Montenegro é um moderado. Não, eu sou radical contra essa situação de exclusão da habitação, exclusão da saúde, agressão à dignidade das mulheres, agressão à dignidade dos imigrantes e das pessoas racializadas, eu sou radicalmente contra isso", comparou.
