Capital deve passar nesta semana o limiar dos 480 casos de contágio por 100 mil habitantes e Porto pode entrar em estado de alerta. Relatório da DGS confirma subida.
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Lisboa está com 402 casos de covid-19 a 14 dias por 100 mil habitantes e vai passar o limiar dos 480 nesta semana, devendo recuar duas fases no desconfinamento por estar há duas semanas acima dos 240/100 mil. E no que resta da semana, quase todos os municípios em redor da capital vão passar a fasquia dos 240 casos, enquanto o Porto já passou os 120 por 100 mil e vai "engordar" a lista dos concelhos em estado de alerta.
O aviso é do matemático Carlos Antunes, um dos peritos em modelação da progressão da pandemia de covid-19 que mais se têm destacado nesta crise. Com um fator de transmissibilidade (Rt) de 1,2, "torna-se cada vez mais difícil controlar a infeção na capital e na região da AML" (Área Metropolitana de Lisboa), avisou ontem, na sua página na rede social Facebook, na véspera da reunião do Conselho de Ministros que deverá decidir novas medidas.
Delta dominante
O último relatório da situação da Direção-Geral da Saúde não tranquiliza: no dia de anteontem, quando a incidência no território continental subiu para 129,6 casos por 100 mil habitantes e o Rt era de 1,18, registaram-se em todo o país 1497 novos casos de infeção e três óbitos. Analisando o histórico, verifica-se que nos últimos 30 dias se registaram 22 858 contágios (em média, 761,6 por dia) e 59 mortos. Lisboa e Vale do Tejo lidera novamente, respondendo por 964 dos casos e pelos três óbitos.
"Neste momento, Lisboa e Vale do Tejo já está numa quarta onda pandémica e o que está a acontecer na região vai abranger outras regiões", comentou ao "Jornal de Notícias" o pneumologista Filipe Froes, que se mostrou também preocupado com o Algarve e com a severidade da variante Delta (associada à Índia), do coronavírus SARS-CoV-2.
Dominante na região de Lisboa e Vale do Tejo, "é importante saber quando o será em todo o país". O coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a covid-19 estima que tal acontecerá "dentro de duas a três semanas". Em que semana de julho? É outra incógnita, mas o especialista antecipa ao JN que aquela variante dominará no Algarve dentro de uma semana.
Há vários fatores que determinam essa progressão. O principal é a sua virulência: a probabilidade de ser infetado superior em 60% quando comparada com a variante Alpha e alguns estudos apontam já 80% a 100%, observa. Outros são a mobilidade interna e externa de populações - em turismo e para trabalho em serviços (hotelaria e restauração) para a região - maioritariamente jovens e não vacinados, aliada à diminuição nos cuidados e à "falência" no controlo de testes nos portos e aeroportos, explica.
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