Dos oito, cinco são estreantes mas todos têm percurso político. Querem tentar fazer diferente para fazer jus ao potencial da "geração mais qualificada de sempre" cada um no seu campo
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São oito os jovens com idade inferior a 30 anos que vão integrar a próxima configuração da Assembleia da República (AR): cinco caras novas e três "repetentes". São menos dois do que na anterior legislatura, mas partilham a energia e a vontade de mudar. Divergem no plano ideológico, mas em comum têm o percurso próximo da política, seja por influência familiar ou por desejo de ter uma postura ativa na sociedade. Depois da "formação" em postos municipais ou cargos partidários, dão agora o salto maior para a Assembleia.
Quem são eles?
Rita Matias, apontada como líder da não criada juventude do Chega, foi eleita vogal da Direção Nacional aos 22 anos e é vista com uma jovem promissora no partido. Já esteve envolvida em polémicas: foi acusada de plagiar o discurso de uma dirigente da extrema-direita italiana que leu no 3.º congresso do partido.
Ao JN, disse que quer lutar pelos "direitos das mulheres e das crianças, que nos últimos anos foram vítimas de um aprisionamento ideológico por movimentos extremistas de esquerda". Vê "sem qualquer saudosismo" o slogan do Estado Novo reiterado pelo Chega "Deus, Pátria e Família".
Não se revê nas lutas de ideologia de género, considera-as um "instrumento marxista, que promove a conflitualidade na sociedade e aprisiona os seres humanos numa condição de vítimas", disse, em respostas enviadas por escrito.
Eduardo Alves, eleito por Portalegre, é uma das estreias do PS. Sente que há "vontade de uma geração em participar" e que os partidos devem valorizar os jovens. Bate-se por salários mais justos, habitação acessível e investimento nas "novas autoestradas digitais". Já foi assessor do grupo parlamentar do PS e vê a maioria conseguida como "um momento decisivo" para a mudança: como a aplicação responsável do PRR. Há que falar "a mesma linguagem dos jovens" e evitar a política reativa. "A geração mais qualificada de sempre tem também de ser a geração mais realizada de sempre", defende ao JN.
Bernardo Blanco faz parte do "sangue-novo" da IL e espera ser a voz dos jovens na AR. A IL fala para um público jovem por isso faz sentido ter essas vozes no partido, defende. Há "espaço para haver uma maior representação", contou ao JN.
Com a maioria absoluta do PS, antevê que o seu trabalho não será "fácil" e, por isso, a IL vai propor repor os debates quinzenais para haver mais "escrutínio". Preocupa-se com a correta aplicação dos fundos europeus, defende o alívio dos impostos e quer subir o salário médio em Portugal.
Há, contudo, quem já conheça os cantos da casa. Miguel Costa Matos e Joana Sá Pereira (PS) e Alexandre Poço (PSD) foram reeleitos mas agora vivem algo histórico em campos opostos: a terceira maioria absoluta que o país conhece.