Os eleitores mais velhos (55 e mais anos) representam quase metade (43%) das pessoas que foram votar este domingo, de acordo com a sondagem à boca das urnas que a Pitagórica fez durante o dia eleitoral para o JN, a TSF e a TVI.
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É talvez uma das melhores explicações para a vitória socialista. Desde o arranque dos barómetros da Pitagórica para o JN, e depois durante os 14 dias de sondagem diária, comprovou-se que a maior vantagem do PS, face à concorrência, se fez sempre no segmento dos eleitores com 55 ou mais anos. Ora, foram estes os mais assíduos no domingo. E em particular entre os eleitores do PS. Ao todo, representam 43% do total da amostra (mais de 26 mil pessoas) e 53% do eleitorado socialista.
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Nenhum outro partido depende nesta dimensão dos eleitores mais velhos, mas há pelo menos mais dois em que, quem tem mais de 55 anos, faz parte do eleitorado proporcionalmente mais importante: a CDU (46%) e o PSD (42%). No caso do CDS, essa proporção reduz-se para os 38%, o que talvez ajude a explicar o desastre eleitoral de um partido que teve durante décadas uma implantação relativamente forte em regiões do Interior (e portanto em populações conservadoras e envelhecidas).
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Entre os cinco partidos "tradicionais" do Parlamento, confirma-se a noção de que o BE é o partido mais "jovem". Porque depende em apenas 36% dos eleitores de 55 e mais anos; e porque, se somarmos os dois escalões mais jovens (18/24 anos e 25/34 anos), concluímos que tiveram um peso conjugado de 24% no resultado eleitoral dos bloquistas. Mais do que os 20% dos centristas e os 18% dos sociais-democratas. Os partidos menos jovens são o PS e a CDU, em que o eleitorado mais jovem representou apenas 13% dos votos conseguidos por cada um.
Partidos novos, eleitores mais jovens
Há uma fronteira clara entre os partidos tradicionais e os novos partidos. A proporção entre eleitores mais jovens e eleitores mais velhos altera-se de forma acentuada e, em muitos casos, de forma radical. Veja-se o caso do mais bem-sucedido destes novos partidos, o PAN, que cresceu no domingo de 1 para 4 deputados, todos oriundos de zonas urbanas (Porto, Lisboa e Setúbal): os eleitores dos dois escalões mais jovens (18/24 e 25/34 anos) representam quase metade do seu eleitorado (44%). Já os eleitores mais velhos, com mais de 55 anos, têm um peso baixo para os animalistas/ambientalistas: 15%.
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Há um outro partido em que padrão de apoio entre os mais novos é ainda mais evidente: o Livre de Rui Tavares e Joacine Katar Moreira (eleita deputada por Lisboa), em que o voto jovem representou 47%. No caso do Iniciativa Liberal de Carlos Guimarães Pinto e João Cotrim de Figueiredo (eleito por Lisboa) o peso dos mais novos é de 42%. Só o Chega de André Ventura (também eleito pelo círculo da capital) destoa desta tendência: a fatia mais importante dos seus eleitores está nos 35/54 anos (48%). Os jovens têm um peso de apenas 27% (ainda assim, mais do que qualquer dos partidos tradicionais).
Eleitores mais velhos votam de manhã
A sondagem à boca das urnas da Pitagórica permitiu recolher mais algumas informações sobre a forma como votam os portugueses. Nomeadamente quando o que está em causa é o género. Sendo certo que, relativamente à participação eleitoral, é praticamente igual, ainda que com ligeira vantagem para as mulheres (51%) sobre os homens (49%). Já há algumas diferenças, no entanto, no que diz respeito à hora de votar: eles preferem as manhãs (42,4% votaram entre as 8 e as 12 horas); elas foram em maior número que eles a horas mais tardias (32,8% depois das 15 horas); empate só entre as 12 e as 15 horas, com 27,7% para cada género.
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Cruzando as faixas etárias com a hora de ir votar, confirma-se a ideia de que, quantos mais velhos, mais cedo votam os portugueses. Quase metade (49%) dos eleitores com 55 ou mais anos despacharam o assunto até às 12 horas. Já a maior fatia dos mais jovens, os que têm entre 18 e 24 anos, deixou para a última da hora (39,5%). Os que têm entre 25 e 34 anos também foram votar depois das 15 horas (38,7%). E os que têm entre 35 e 54 anos optaram pela manhã (38,7%).
Ficha Técnica
Sondagem realizada pela Pitagórica para o JN TSF e TVI com o objetivo de recolher informação sobre o comportamento de voto nas eleições legislativas de 6 de outubro de 2019 O trabalho de campo decorreu no dia 6 de outubro de 2019. Foram recolhidas 26422 entrevistas pessoais através de sistema TAPI (Tablet Assisted Personal Interview). A amostra foi recolhida de forma aleatória em 41 freguesias 90 assembleias de voto. A
Taxa de resposta foi de 71,37% e a direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa bem como todos os resultados foram depositados junto da Entidade Reguladora da Comunicação Social, que os disponibilizará para consulta online.