Jovem estudante de Lisboa conduz projeto de investigação para retirar os camiões de zonas urbanas. A ideia já chegou a outras cidades europeias e João Pinto de Abreu, aluno de mestrado do Instituto Superior Técnico de Lisboa, está agora a estudar os fatores de localização destes espaços para perceber a sua viabilidade na capital, principalmente no Centro Histórico.
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"Um dos grandes problemas da logística na cidade é os camiões passarem nos bairros históricos. Um centro de consolidação urbana, que pode ser um armazém ou outro espaço mais pequeno, serve para transferir as cargas dos veículos mais pesados para viaturas elétricas e até mesmo bicicletas que distribuem depois numa área mais pequena", explica. Desta forma, utiliza-se a capacidade máxima do transporte ao contrário do que acontece nos veículos pesados e, ao mesmo tempo, estas viaturas de grande porte não entram em áreas congestionadas.
"O objetivo principal é que haja menos tráfego rodoviário dentro das cidades, emissões poluentes e poluição sonora", explica. Algumas urbes europeias já criaram estes centros para que os camiões de mercadorias entrem cada vez menos nos núcleos históricos. "Em Paris, antigamente estes veículos entravam diretamente na cidade, agora vão para um centro. Em Vicenza, Itália, limitaram a entrada de veículos e as empresas tiveram de recorrer a esses mesmos centros", exemplifica.
O investigador acredita que a capital ganharia muito com a instalação destes centros logísticos, mas diz que "ainda há muitos obstáculos". Entre estes encontram-se "a falta de espaços, o preço das rendas ainda muito elevado, e não ser uma solução rentável em termos financeiros". Por isso, considera o apoio do Estado às empresas de transportes de mercadorias, "fundamental" e que devia ser feito através da criação de barreiras legislativas à entrada de alguns veículos dentro da cidade, na aquisição de viaturas elétricas e na compra ou cedência de espaços para estes armazéns.
Um exemplo dos passos que já estão a ser dados nesta área é a intenção da Câmara de Lisboa ter uma Zona de Emissões Reduzidas (ZER) na Baixa pombalina. "A criação dessas zonas vai fazer com que estes centros sejam precisos porque define-se os veículos que podem entrar. O meu trabalho é perceber quais os fatores mais importantes para se encontrar o espaço ideal para estes centros, em termos de custos, acessos à cidade, arrendamento e eficiência das rotas. Tentar tirar o tráfego da cidade é o objetivo máximo", conclui.