Filomena Cardoso, da Comissão Nacional de Coordenação da Rede de Cuidados Continuados Integrados, disse, esta manhã de terça-feira em audição parlamentar, que "a resposta de unidades para infância e adolescência ainda é pequena" na área da saúde mental. "Temos apenas dez lugares no Norte e 20 lugares no Algarve em unidades sociocupacionais", referiu.
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Filomena Cardoso disse, esta manhã de terça-feira, que as respostas da Rede Nacional de Cuidados Continuados "ainda não são suficientes" e "é preciso aumentar a capacidade da rede", nomeadamente em unidades sócio ocupacionais, centros onde crianças e jovens com problemas do foro psicológico ou atrasos mentais fazem diferentes terapias, com equipas multidisciplinares, para treinarem aptidões sociais, entre outras.
"A 28 de fevereiro tínhamos 2309 doentes na rede de saúde mental. Quanto às unidades para a infância e adolescência, a resposta ainda é pequena. Temos apenas dez lugares no Norte em unidades sócio ocupacionais e 20 no Algarve", referiu, após ser questionada pela deputada do PSD Helga Correia sobre se o Serviço Nacional de Saúde tem capacidade para responder eficazmente às necessidades dos jovens nesta área.
A responsável da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde admitiu que "a rede de saúde mental tem especificidades que fazem com que se demore mais a encontrar as soluções comunitárias e a nova lei poderá ajudar a que seja mais fácil integrar (as pessoas) na comunidade". "Um doente da rede não está em fase aguda da doença, está na fase de poder ser reintegrado no seu meio social. Na área da saúde mental esta integração é mais difícil", afirmou.
Filomena Cardoso esteve a ser ouvida pelos deputados do grupo de trabalho de Saúde Mental da Comissão de Saúde na Assembleia da República, que mostraram preocupação com a falta de menção aos jovens e crianças na nova lei de saúde mental numa altura em que, lembrou o deputado do Chega Pedro Frazão, Portugal surge em segundo lugar nos países com prevalência de perturbação de doença mental nos jovens (18%), entre os 10 e os 19 anos.
A enfermeira apontou algumas falhas um pouco por todo o país, dizendo que há "problemas de falta de referenciação nas respostas ambulatórias da infância e adolescência" e apelou a que as cinco coordenações regionais "melhorem a forma como calculam as necessidades dos cuidados continuados nas regiões e população na área da saúde mental".
Alertou ainda para o facto de "quem é referenciado para a rede de saúde mental deixar de receber o Rendimento Social de Inserção". "Numa área em que tentamos trabalhar a reintegração do doente na comunidade é difícil quando não tem rendimentos. Temos de trabalhar em conjunto com a Segurança Social".
A Coordenação do Programa Nacional de Saúde Escolar, que também esteve a ser ouvida esta manhã, elogiou a nova lei de saúde mental e frisou a importância da prevenção no meio escolar. Isabel Lopes, da Coordenação do Programa Nacional de Saúde Escolar, disse que "a doença mental é muitas vezes invisível e não é de fácil deteção por qualquer um de nós" e que "compete à escola prevenir". "O Observatório de Saúde Psicológica desenvolveu um estudo sobre saúde mental e, do resultado do relatório, vão começar já ações destinadas a docentes, psicólogos e diretores de escolas", avançou.
Dina Oliveira, enfermeira da equipa de Coordenação do Programa Nacional de Saúde Escolar, defendeu "uma intervenção integrada para proteger jovens, crianças e famílias". "Quando existe uma criança ou jovem em que a família pede ajuda e a resposta tarda ou é difícil deve ser uma preocupação do Estado e de toda a comunidade estabelecer medidas para minimizar essa dificuldade", afirmou.