Rosário Farmhouse diz que não há mais casos de crianças em risco, há é mais comunicações
A presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos das Crianças considera que não há mais crianças em risco no País, apesar de os números terem aumentado entre 2020 e 2021. Para Rosário Farmhouse, o que há é mais denúncias.
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O relatório de 2021 da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos das Crianças e Jovens aponta para um aumento de 8,6% nos casos de menores em risco, em concreto registaram-se, no ano passado, mais 3.416 situações, totalizando-se 43.075.
Mas, para a presidente da Comissão, Rosário Farmhouse, isso não significa que existam mais crianças em risco em Portugal. "Não estamos a dizer que aumentaram os casos de risco. Estamos a dizer que aumentaram as notificações. Quero acreditar que isso tem a ver com as campanhas de sensibilização para que as pessoas denunciem", sustentou Rosário Farmhouse, ao ser ouvida, esta quarta-feira, na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, a pedido do PSD.
Quanto à eventualidade de o aumento da pobreza levar a um crescimento dos casos de crianças em risco, uma questão colocada pela deputada social-democrata Paula Cardoso, a presidente da Comissão de Promoção dos Direitos da Criança vincou que os casos mais complicados referem-se a menores de classes sociais mais elevadas.
"Os maus-tratos e a violência doméstica são transversais às várias classes sociais. 10% dos casos referem-se a pais com cursos superiores", apontou Rosário Farmhouse, explicando que considera essas situações mais complexas por serem mais discretas da sociedade e difíceis de detetar, porque os menores andam em escolas e médicos privados.
Durante a audição, a presidente da Comissão Nacional admitiu, perante uma questão colocada pelo PCP, que existe falta de técnicos nas 311 comissões. Segundo apontou o deputado Alfredo Maia, haverá escassez de 181 juristas e 75 psicólogos.
"A dificuldade de encontrar juristas é geral", reconheceu Rosário Farmhouse, referindo que essa lacuna é preenchida, nomeadamente, com o apoio das autarquias.
Já em resposta ao deputado liberal Rui Rocha, a presidente da Comissão reconheceu que o ciberbullying é "um problema gravíssimo", que se agravou com a pandemia. "É um problema invisível. Muitas vezes, os pais nem se apercebem. É um tema muito preocupante pela sua dimensão, por ser invisível e pela necessidade de se dar formação aos pais", sustentou Rosário Farmhouse.