Fontes oficiais garantem que Jornada da Juventude em Lisboa é "irreversível" e independente da vinda do Santo Padre. O programa foi elaborado em articulação com o Vaticano e pensado para evitar muitas saídas e entradas do carro.
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A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) marcada para Lisboa, entre os dias 1 e 6 de agosto, vai realizar-se independentemente de quem seja o Papa. Nos últimos dias, o estado de saúde de Francisco, de 86 anos, tem provocado preocupações aos católicos e à hierarquia da Igreja e, ontem, o Sumo Pontífice fez uma cirurgia de cerca de três horas a uma hérnia no abdómen. "A realização da JMJ é irreversível e independente do Papa Francisco estar ou não estar presente", disse ao JN um membro da organização do maior evento católico jamais realizado em Portugal. "Nunca aconteceu não estar presente o Papa numa JMJ mas, teoricamente, pode acontecer", referiu a mesma fonte.
Criada pelo Papa João Paulo II em 1985, a primeira Jornada realizou-se um ano depois, em Roma. A presença do Papa esteve em risco em 2005, no evento de Colónia. A JMJ estava marcada para agosto desse ano e o Papa João Paulo II morreu a 2 de abril. A rápida marcação de um conclave permitiu a eleição do cardeal Joseph Ratzinger a 19 de abril e foi já com o nome de Bento XVI que, na primeira viagem oficial, o novo Papa abriu o encontro onde estiveram presentes cerca de um milhão de jovens.
600 mil peregrinos originários de 184 países, incluindo Portugal, estão pré-inscritos, mas só 200 mil finalizaram a inscrição. Voluntários são 20 mil, sendo que 363 são exclusivos para a área da saúde, incluindo médicos, enfermeiros e estudantes finalistas.
"Só há plano F, de Francisco"
Em Portugal, está tudo à espera do Papa Francisco e as obras na zona oriental de Lisboa e em Loures decorrem a todo vapor. Na terça-feira, na apresentação da agenda do Papa em Portugal, o bispo Américo Aguiar, presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude, quando questionado sobre se havia um plano B face à situação de saúde do líder da Igreja Católica, foi perentório: "O único plano é F, de Francisco", disse, não colocando a possibilidade de o Papa não estar presente em agosto. No anúncio da JMJ para Lisboa e na consequente apresentação de projetos e iniciativas, era anunciada a presença do Papa, sem especificar o nome. Nos últimos tempos, a organização refere sempre a presença de Francisco. E o programa agora divulgado - elaborado em conjunto com o Vaticano - foi pensado para não obrigar o Papa a "entrar e sair" muitas vezes do automóvel por causa dos problemas que tem na anca e no joelho.
Também o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, recusou, na quarta-feira, antecipar cenários devido à saúde de Francisco e disse contar com a sua presença na JMJ.
"Rezamos e acompanhamos a situação de saúde do Papa e esperamos aquilo que vai vir. Não antecipamos cenários, mas contamos que o Papa possa vir cá", afirmou ao JN. O bispo salientou que a situação de saúde do Papa não é desconhecida, lembrando o desejo do chefe de Estado do Vaticano de presidir à JMJ, em agosto, em Lisboa, e de se deslocar, de novo, ao Santuário de Fátima.
Em comunicado, o Hospital Gemelli, em Roma, informou que a cirurgia, feita com anestesia geral, "correu bem", mas o Papa ficará internado nos próximos dias a recuperar. O Vaticano anunciou que a agenda de Francisco foi cancelada até ao dia 18 deste mês. O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, espera que o Papa possa regressar em breve "ao exercício do seu ministério".
O Governo prevê desembolsar 30 milhões de euros (sem IVA). Lisboa e Loures gastarão 35 e 10 milhões de euros, respetivamente.