A seca está a encarecer o tratamento de água, mas o ministro do Ambiente garante que o preço não vai aumentar para os consumidores. Matos Fernandes insiste na necessidade imediata de reduzir o consumo, enquanto se preparam medidas para aumentar a capacidade de armazenamento no futuro, como a dragagem de fundos de barragens.
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É uma das medidas de médio e longo prazos que está a ser preparada pela Agência Portuguesa do Ambiente, depois de ter sido autorizado o desassoreamento da albufeira e o alteamento em dois metros do coroamento da barragem de Fagilde, que serve cerca de 110 mil habitantes dos concelhos de Viseu, de Mangualde, de Nelas e de Penalva do Castelo. As duas empreitadas em Fagilde, que serão lançadas pelos municípios da região e terão financiamento comunitário do POSEUR, já obtiveram luz verde do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
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O alteamento de mais barragens não está nas prioridades do Governo, optando-se por dragar os fundos de barragens onde for possível, de modo a aumentar a capacidade de reserva das albufeiras. "Essa ação está a ser iniciada pela Agência Portuguesa do Ambiente, porque é preciso perceber que não podemos descalçar as paredes de betão que constituem as barragens. Mas só aí, e com impacto ambiental zero, conseguimos ter mais capacidade", assegura João Pedro Matos Fernandes, que, esta segunda-feira, voltou a apelar à redução do consumo de água pelas famílias e pelas empresas.
Por exemplo, na região do Grande Porto, a Águas do Douro e Paiva regista uma diminuição do consumo em linha do que é habitual nesta época do ano. E, estando o país em seca, essa quebra não chega. A poupança tem de ser maior.
"O Governo tem todas as condições para honrar o compromisso de que não vai faltar água na torneira de nenhum português. Para que isso aconteça, temos mesmo de poupar água. Os portugueses não se aperceberam que estão em seca, porque há este esforço tão grande para continuadamente fornecer este serviço. Estamos em seca e é um problema complexo que só conseguimos ultrapassar se todos, pessoas, empresas e entidades coletivas, se comprometerem a gastar pouca água", apelou o ministro, após ter dado uma aula sobre a importância de poupar água e da consciência cívica de alertar os adultos quando veem uma fuga de água na rua. Na sala de aula improvisada na Estação de Tratamento de Água de Lever, estavam crianças do 1º Ciclo de Gaia, inquisitivas e surpreendidas com a lição.
Ministro do Ambiente descarta impor regras restritivas no consumo de água e prefere insistir na necessidade de poupar.
Matos Fernandes descarta o recurso a medidas restritivas de consumo de água. "Não sinto que devemos fazê-lo, porque, quando anunciadas, têm logo um efeito perverso: as pessoas vão para casa encher a banheira e dois ou três baldes de água. Não é, por aí, que devemos começar".
Os baixos caudais dos rios, usados para o abastecimento da população portuguesa, fazem com que a qualidade da água que chega às estações de tratamento esteja a deteriorar-se. A consequência imediata é o aumento do custo do tratamento da água, que, depois, segue para as torneiras dos consumidores. No entanto, o ministro assegura que esse acréscimo não seria repercutido nas faturas da água. O risco de aumento do preço da água para os consumidores "não existe", assim como não está em causa a qualidade da água servida aos clientes.
"Portugal tem uma rede muito robusta de infraestruturas de tratamento de água, que são capazes de tratar água mesmo quando tem uma maior quantidade orgânica. É evidente que quando a água bruta, na origem, tem menor qualidade, é indispensável gastar mais energia e juntar mais reagentes para garantirmos que Portugal continua a ter 99% de água segura e de boa qualidade", salvaguarda o governante. Aponta, no entanto, outra consequência dos baixos caudais dos rios, que será atacada, de imediato, pelas empresas da Águas de Portugal.
"Por menor quantidade de água nos rios, começam a aparecer algumas colónias de jacintos, que vamos ter de retirar", nomeadamente no Cávado e no Vouga. "Vamos ter de encetar essas ações o mais depressa possível".