O secretário-geral do PS afirmou, esta segunda-feira, estar "muito apreensivo" com a vitória de domingo do partido de centro-direita União Democrata-Cristã (CDU) nas eleições parlamentares da Alemanha (com 28,6% dos votos).
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Questionado sobre o resultado eleitoral pelos jornalistas em Valença, numa visita à obra de uma nova residência universitária, Pedro Nuno Santos declarou que considera “este avanço da direita” na Europa preocupante, por se tratarem de “projetos políticos divisionistas, que não tem grande preocupação com a igualdade”. Afirmou também que, no que toca à política externa e às negociações de paz com a Rússia, a União Europeia deve “ter voz” e pugnar para que seja encontrada “uma solução duradoura”, que conte com “a participação e a aceitação” da Ucrânia.
“[Estou] muito apreensivo com o que isso [o resultado eleitoral na Alemanha] significa, não só sobre a social democracia, a família política de que o PS faz parte, mas também a confirmação deste avanço da direita. A minha preocupação resulta no facto de ter a convicção plena de que, nem a direita nem a extrema direita vão resolver as ansiedades e as angústias dos povos e dos povos europeus em particular”, declarou, justificando que, a seu ver, estão em causa “projetos políticos divisionistas, que não têm grande preocupação com a igualdade, com a equidade e coesão social”.
“Estamos num tempo em que é perigoso nesse ponto de vista. De falta de solidariedade, de falta de adesão ao compromisso com a igualdade”, considerou, acrescentando: “Defendemos crescimento económico, produção, desenvolvimento, mas que chegue a toda a gente, que não fique apenas numa minoria da população. E os projetos políticos que têm ganho o poder político na Europa, não têm esta mesma adesão que nós temos”.
"Não é aceitável" negociação com a Rússia sem participação dos europeus
Ainda propósito desta nova etapa política da Alemanha e do seu impacto no quadro das negociações para a paz mundial, Pedro Nuno Santos aludiu ao “ambiente de insegurança em matéria de política externa e de defesa que se está a viver”.
“É desde logo muito importante que a União Europeia consiga ter uma voz, em matéria de política externa, e que não seja sistematicamente desprezada no que diz respeito à resolução pacífica dos conflitos. Temos uma guerra na Europa, um país que foi invadido, faz hoje três anos que a Ucrânia foi invadida pela Russia, e não é aceitável que haja negociações entre o país invasor e um país que nem sequer está no continente europeu, os EUA, sem participação dos europeus e, pior, sem a participação da Ucrânia , que foi o pais invadido”.
O secretário-geral do PS afirmou que “os ucranianos querem uma solução de paz duradoura, sustentável” e que não seja “imposta e que ao fim de alguns anos resultará em nova guerra”.
“Que nenhuma solução de paz seja construída sem a aceitação da Ucrânia. Isso é impensável. Se for uma solução de paz que não tenha a participação e a aceitação da Ucrânia, será uma solução precária, frágil e muito pouco duradoura”, concluiu.